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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

Método Panlexia – Reeducação das Dificuldades Específicas de Leitura e Escrita




Método Panlexia – Reeducação das Dificuldades Específicas de 

Leitura e Escrita.

O Método Panlexia é o primeiro método construído segundo as características fonema x grafema do idioma português falado e escrito no Brasil. É um método de orientação diagnóstica e um programa abrangente de assistência pedagógica a pessoas com Dificuldades Específicas de Linguagem. É o resultado de longos anos de pesquisas e experiências compartilhadas por diferentes fontes de informação.
Dentre as primeiras influências que alicerçaram a construção progressiva do Método Panlexia, destaca-se o trabalho de um professor de linguística da Yale University, Leonard Bloomfield, cujo filho era disléxico. Bloomfield formulou o conceito que "seria melhor ensinar leitura a estudantes disléxicos, primeiramente, através da introdução de elementos consistentes do idioma escrito e só então, depois de estabelecidas essas conexões, ir acrescentando, aos poucos, os padrões menos comuns de soletração". Essa forma de abordagem pedagógica foi chamada de  "Linguística Estruturada". Desde então (1933), muitos pesquisadores vêm investigando os inúmeros aspectos da Dislexia, e diferentes programas remediativos de ensino têm sido publicados nos Estados Unidos.
Já na década de 1960, o Dr. Jesse Grimes, da Harvard University, foi convidado pela rede pública de ensino da cidade de Newton, estado de Massachusetts, EUA, para investigar qual seria o melhor dos três métodos de iniciação à leitura utilizados em programas de ensino de leitura: fonético, visuo/global, linguístico estruturado.
Essa pesquisa incluiu 30 salas de aula, envolvendo 10 classes em cada uma das três abordagens, e foi desenvolvida com a seguinte orientação prognóstica: bons leitores, leitores de nível médio, maus leitores. A avaliação dos resultados da pesquisa deixou claro que a Leitura Linguística Estruturada obteve os melhores resultados em todas as categorias. Entretanto, como nessa abordagem foram incluídos métodos específicos de ensino desenvolvidos e supervisionados pelo Dr. Grimes, e não somente a técnica de leitura segmentada em elementos linguísticos, seus resultados foram ignorados na época.
Como consequência, não ficou estabelecido o conceito de que o ensino da leitura em séries linguísticas era mais eficiente em si, e por si mesmo. Ficou evidenciado, porém, que os métodos de ensino de leitura desenvolvidos pelo Dr. Grimes eram a chave-mestra do grande sucesso do Programa Estruturado em Leitura Linguística. Baseado nas dificuldades de filho e neto disléxicos, o Dr. Grimes havia desenvolvido métodos de ensino para ajudá-los no aprendizado da leitura. Entre suas várias técnicas, está incluído o treinamento para desenvolvimento da consciência fonológica, que somente nos últimos anos tem sido reconhecido por pesquisadores respeitados como um componente-chave do sucesso alcançado no aprendizado de leitura e soletração. As técnicas pedagógicas com base em ensino terapêutico em linguística estruturada, em que está alicerçado o Método Panlexia, tiveram comprovada sua eficiência para ensinar o disléxico, mais uma vez, em importante trabalho de pesquisa desenvolvido pela Dra. Sally Shaywitz e sua equipe da Yale University.
Pamela Kvilekval, educadora especializada em Dificuldades de Aprendizado, fez parte do primeiro grupo de profissionais treinados diretamente pelo Dr. Grimes para desenvolver o programa de ensino diferencial para alunos com Dificuldades de Aprendizado da rede pública de Newton, em 1968. Depois de três meses engajada nesse trabalho, tornou-se sua assistente, supervisionando diretamente os professores de Educação Especial. Após dois anos como assistente do Dr. Grimes e supervisora do Curso de Instrução Terapêutica ministrado por ele, assistindo a mais de 200 disléxicos durante o ano escolar e em programas especiais de verão, Pamela foi nomeada dirigente do Programa de Dificuldades de Aprendizado das Escolas Públicas de Andover, no estado de Massachusetts, EUA. Essa indicação foi feita, por membros do Departamento de Educação do Estado, depois que as técnicas de ensino das escolas de Newton foram analisaram e avaliadas e o programa terapêutico desenvolvido na rede de ensino declarado "Muito favorável".
Em paralelo, o Dr. Grimes também capacitou seu grupo de educadores em técnicas de desenvolvimento e uso de materiais, como recurso complementar do seu programa. Desprendido, nunca teve interesse em formalizar o registro escrito desse trabalho. Por isso, quando um manual de treinamento foi requerido para as escolas de Andover, o Dr. Grimes autorizou e estimulou Pamela a escrever o Manual Básico, com 70 páginas, para dar início ao treinamento de 15 membros do corpo docente das escolas. Esses profissionais não eram formalmente especializados, mas compunham um grupo comprometido com o ensino diferencial, motivados por estarem diretamente envolvidos no ensino de crianças com dificuldades de aprendizado. E por isso, estavam determinados a desenvolver um eficiente programa de apoio pedagógico aos estudantes disléxicos em suas escolas.
Àquela época, não havia nenhum programa de graduação universitária em Massachusetts para formar esses especialistas. Com o passar dos anos, o Programa de Treinamento com estrutura fundamentada nas características fonema x grafema do idioma inglês organizado por Pamela evoluiu de 70 para 700 páginas, publicadas com o título: "Um Programa para Dificuldades Específicas de Linguagem". Programa abrangente, que se constitui, hoje, como base na formulação de muitos outros programas de treinamento de profissionais em Dificuldades de Aprendizado, em diferentes sistemas escolares.
Depois de 4 anos como Supervisora em programas de Dificuldades de Aprendizado e 10 anos como Administradora em Educação Especial, responsável por todos os programas de Educação Especial em Andover, sob Leis Estaduais e Nacionais, Pamela se tornou Consultora em Educação Especial na Itália. Desde 1986, é consultora em escolas internacionais na Itália e supervisora de ensino diferencial para estudantes disléxicos.
Visto que na Itália não existia, ainda, programas pedagógicos especializados em Dislexia, muitos médicos e psiquiatras italianos encaminhavam crianças disléxicas para serem assistidas pela equipe de Pamela. Por essa razão, ela acabou se impondo um verdadeiro desafio: traduzir e construir seu programa de ensino dentro da base estrutural fonética do idioma italiano. No início, teve que estabelecer a estrutura linguística fonema x grafema do idioma o que foi mais simples de ser feito do que estruturar o Programa em sua língua materna: o inglês. Isso porque a língua italiana é pronunciada quase que exatamente da mesma forma como é escrita. No início desse trabalho, Pamela desenvolveu listas de palavras para as lições de cada dia. Na evolução progressiva da formulação do método, as listas precisas de palavras e de exercícios de ditado passaram a ser agrupadas em manuais. Só faltava criar histórias com o componente essencial de adequar-se a cada uma das lições, seguindo as características da estrutura linguística do idioma italiano.
Embora houvesse livros de leitura linguisticamente estruturados para serem utilizados em programas em inglês, não existia nenhum livro semelhante em italiano. Nelly Melone, mãe de um dos estudantes disléxicos de Pamela, se propôs a criar as histórias. "Le Storie di Zia Lara" foi publicada como um encarte do "Il Método Panlexia". São esses livros que compõem o primeiro programa educacional terapêutico de assistência pedagógica ao disléxico publicado na Itália. Era o ano de 1998.
Hoje, a Itália está na segunda publicação do Programa IL MÉTODO PANLEXIA, que continua sendo o único programa publicado naquele país. Professores, psicólogos e terapeutas da fala têm sido treinados, através de toda a Itália, nos seguintes cursos de Pamela Kvilekval: REABILITAÇÃO DA DISLEXIA - IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZADO - REABILITAÇÃO DA DISCALCULIA - ORIENTAÇÃO PARA PAIS DE CRIANÇAS COM DIFICULDADES POR DEFICIÊNCIA DE ATENÇÃO.
Além do programa “Il Método Panlexia”, Pamela desenvolveu uma versão italiana do "Preschool Screening System", de Peter Hainsworth e Marian Hainsworth, publicado em 2002. Trata-se de um programa de identificação precoce de diferentes dificuldades em crianças entre 2½ a 6½ anos, através de sintomas e sinais característicos que as predispõem a apresentar dificuldades em seu aprendizado escolar. Crianças que, integradas precocemente em adequado programa pedagógico preventivo, em sua maioria poderão vir a superar essas dificuldades.
Com permissão dos autores, Pamela estruturou uma nova versão do Preschool Screening System, publicado em língua portuguesa sob o titulo “Sistema de Avaliação Precoce – o PSS” pela própria autora, em parceria com o Centro de Neuropediatria do Hospital de Clinicas da Universidade Federal do Paraná. Esse instrumento de avaliação está sendo validado e normatizado através de duas pesquisas de mestrado e uma pesquisa de doutorado.
Nos últimos anos, Pamela Kvilekval foi eleita para o Conselho Diretor da Associazione Italiana Dislessia. Essa organização está representada em mais de 50 cidades da Itália e Pamela é o único membro do Conselho Diretor a não ter nacionalidade italiana.  Em co-autoria com outros membros da Associazione, escreveu dois pequenos livros estabelecendo fundamentação teórico-prática para apoiar o trabalho do professor em sala de aula.
O Método Panlexia foi introduzido no Brasil, em Curitiba, Paraná, no ano de 2004, através de dois eventos patrocinados pelo Centro de Neuropediatria do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, pela Secretaria Municipal da Educação de Curitiba e pela Associação Brasileira de Apoio ao Disléxico, de Curitiba.
O primeiro, foi um simpósio que contou com a presença de profissionais e interessados vindos de todos os estados brasileiros. O segundo, um curso de formação sobre o método para 90 profissionais das áreas da Educação e da Saúde.  Durante a prática pedagógica do curso, foram trabalhados mais de 50 disléxicos, de diferentes idades e diferentes níveis de dificuldades. As respostas, bastante positivas, confirmaram, também na língua portuguesa, a eficiência já alcançada pela metodologia nas línguas inglesa e italiana.
Em 2010, com a colaboração de profissionais brasileiras, Pamela fez uma revisão do material publicado em 2004 e publicou uma edição atualizada e ampliada da metodologia, a que chamou de Panlexia Plus. Essa nova edição levou em consideração a reforma na ortografia do português, assim como a experiência acumulada pelos profissionais durante os anos de prática no Brasil.

PORQUE A PANLEXIA REALMENTE FUNCIONA?
A PANLEXIA INCLUI A ESTRUTURA, AS ATIVIDADES E OS MÉTODOS DE ENSINO QUE SEGUEM OS PRINCÍPIOS PARA ENSINAR DISLÉXICOS A LER E ESCREVER.
Aqui está a razão do sucesso:
1.  O método é fonológico, estrutural e propicia bastante reforço para cada elemento da linguagem escrita, de modo a assegurar respostas automáticas.
 2.  As atividades utilizam todos os sentidos envolvidos na leitura e na escrita: o visual, a motricidade fina, a percepção auditiva e a consciência fonêmica, incluindo a consciência de sensações tácteis durante a pronúncia dos sons.
 3.  As listas estruturais de palavras promovem:
- a habilidade de decodificar, porque mudam apenas uma letra na palavra por vez, induzindo a pessoa, portanto, a seguir cuidadosamente a sequência das letras;
- um sentido de ritmo que desenvolve a habilidade de associar o som da sílaba e a sequência dos símbolos (associação fonema-grafema) que representam as letras;
- o reconhecimento da palavra devido às similaridades de cada palavra;
- o reforço da memória visual de cada novo elemento.
 4.  Escrever cada palavra após a leitura da lista (adaptada para a idade e capacidade):
- reforça o aprendizado da palavra.
- envolve a Memória Sinestésica, ajudando a desenvolver a escrita automática de cada palavra.
- ajuda na compreensão da sequência das letras na palavra, porque as letras devem ser escritas uma a uma dentro de uma sequência.  Isso dá à pessoa tempo para perceber todas as sensações na boca e nas cordas vocais que se tem durante a escrita da sequência de letras.
- visto que cada lista de palavras apresenta somente um novo elemento a ser reforçado, a escrita repetida desse elemento induz a lembrança automática de cada novo elemento.
- escrever as listas de palavras em colunas enfatiza o novo padrão/elemento porque fica mais evidente que palavras escritas em linha.
 5.  O exercício de mudar a letra reforça a consciência fonológica da sequência de som que segue a sequência de símbolos.
 6.  A leitura das sentenças :
A. Permite a prática da leitura das palavras
B. Ajuda na compreensão das palavras, porque elas são usadas em contexto.
C. Proporciona uma revisão das palavras já aprendidas.
D. Melhora a memória visual das palavras novas e das previamente aprendidas.
 7.  Escrever as sentenças:
A. Pratica usar a memória auditiva de curto prazo quando o aluno repete a sentença.
B. Permite maior prática do novo elemento.
C. Melhora o vocabulário: o uso de novas palavras nas sentenças ajuda a lembrar o significado da palavra.
D. Permite a prática das habilidades da escrita e proporciona oportunidade de ensinar, se necessário, o motivo e a lógica dos sinais diacríticos e da pontuação, como apóstrofe, vírgula, contrações, ponto de interrogação e as palavras homófonas.
E. Ensina o aluno a verificar cuidadosamente cada palavra e pontuação na sentença e a ler a sentença após escrevê-la, a fim de fazer as necessárias correções antes de dizer que o trabalho está completo.  Resumindo, aprender a revisar seu trabalho, uma prática valiosa para todos, mas essencial para pessoas disléxicas e disgráficas.
 8. A leitura de histórias:
A. Proporciona a prática de todos os elementos anteriores.
B. Proporciona a prática da leitura normal – horizontal, da esquerda para a direita.
C. Proporciona uma razão para ler.
D. Melhora o vocabulário.  Ler as palavras em contexto ajuda a internalizar o significativo básico, assim como a compreensão do significado das palavras em diferentes contextos.
E. Induz a uma sensação de satisfação com a leitura, pois o aluno pode ler sem dificuldade e pode entender tudo o que está lendo, porque cada história contém elementos nas palavras que já estão automatizados ou, pelo menos, ele pode decodificar.
F. Desenvolve o conceito de “Imagem Mental” para melhorar a compreensão de material escrito.
 9.  O resumo, oral ou escrito:
A. Melhora a habilidade em desenvolver um resumo oral de material escrito.
B. Proporciona a prática de desenvolver resumos escritos de material escrito.
C. Desenvolve a habilidade em extrair os pontos importantes de uma massa de informações, essencial para tomar notas em sala de aula ou para tarefas de casa.
 10.  Os métodos de ensino são indutivos e não didáticos.  Ao invés de regras, o aluno recebe muitos exemplos de cada novo elemento a ser aprendido, de modo que a associação do som e do símbolo se torna automática – como o é para leitores regulares.
 Autora: Maria Cristina Bromberg

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