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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância.

Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

Nietzsche e a Educação




Nietzsche e a Educação:

Aos 24 anos Nietzsche se torna professor de filologia clássica na Universidade de Basiléia, na Suíça..... (pág. 27, op. Cit.) Desde os primeiros anos de sua atividade como professor, sabe que não poderá suportar por muito tempo o mundo acadêmico, o enclausuramento em uma disciplina. Sua instintiva aversão pela especialização, pela cultura enciclopédica e livresca com que os professores pretendiam educar seus alunos, e sua ambição em ser mais do que um simples professor crescem a cada dia.....
Nietzsche despreza o sistema educacional que tem sob seus olhos. Esse sistema visa a promover o "homem teórico", que domina a vida pelo intelecto, separa vida e pensamento, corpo e inteligência. Em lugar de procurar colocar o conhecimento a serviço de uma melhor forma de vida, coloca-o em função de si próprio, de criar mais saber, independentemente do que isso possa significar para a vida. Assim, avesso á erudição acadêmica, o jovem professor Nietzsche sonha com um ideal de educação que o estudo dos gregos pré-platônicos lhe revelara, uma educação ancorada nas experiências da vida de cada indivíduo, em que "os modos de vida inspiram maneiras de pensar e os modos de pensar criam maneiras de viver". Em abril de 1870, escreve a Rohde: "Ciência, arte, filosofia crescem tão juntas em mim, que um dia parirei centauros"(Pág. 32 e 33, op. Cit.)


........ Poucos professores foram tão estimados pelos alunos quanto Nietzsche. Seu temperamento, suas maneiras, o charme de sua personalidade afável fascinava-os. Tinha o poder de entusiasmar os jovens para a disciplina que ensinava. Excelente professor, não visava ao simples acúmulo de conhecimento – pelo contrário, insistia no desenvolvimento do senso crítico e da atividade criadora de cada um. Incitava os alunos a exprimirem livremente suas opiniões, incentivava-os a fazerem suas leituras pessoais e as controlava freqüentemente. Não precisava castigar, porque punha para trabalhar mesmo os alunos mais relapsos. Tais elogios foram extraídos de relatos deixados pelos alunos de Nietzsche..... (pág. 51, op. Cit.)



Louis Kelterborn escreve em suas Memórias: "Minhas relações pessoais com Nietzsche duraram 10 anos, de 1869 a 1879.... Sua maneira de se dirigir aos alunos nos era absolutamente nova e despertava em nós o sentimento de nossa própria personalidade. Soube, desde o início, estimular-nos para que tivéssemos um maior interesse pelo estudo, talvez mais ainda de maneira indireta, pelo seu saber e pelo seu exemplo, do que de maneira direta, ao nos declarar, por exemplo, que todo homem deveria pelo menos uma vez na vida se dar ao trabalho de consagrar ao estudo um ano inteiro, fazendo da noite o dia, e que esse ano tinha chegado para nós.

Ele não nos considerava em bloco, como uma classe ou um rebanho, mas como jovens individualidades, .......... Durante a conversa o professor Nietzsche procurava ouvir mais do que falar; através de perguntas estimulava seu interlocutor a exprimir livremente suas opiniões, mesmo quando se tratava de um de seus alunos. (pág. 51, 52 e 53 - op. Cit. )


Outro aluno Traugolt Siegfried conta suas experiências durante seu convívio com Nietzsche: "Cada um de nós tinha como ponto de honra estar à altura das exigências de Nietzsche, e aquele que, por preguiça ou por ignorância, o decepcionava recebia a censura de seus colegas.... Sua gentileza e sua atenção encorajavam os alunos a trabalhar e os incitavam a se exprimir livremente.(pág. 54 , op. Cit.)

Depoimento (anônimo): "Era um homem de poucas palavras, mas sua alegria era visível quando um aluno medíocre conseguia um bom resultado. Cada um de nós ficava contente ao receber dele por um trabalho oral a expressão: muito bem. Sua cordialidade, sua atenção incitavam ao trabalho. Preparava os alunos para que soubessem falar espontaneamente, sem recorrer às anotações. Demonstrava a todos a mesma delicadeza. Não deixava transparecer nenhum desprezo pela massa de alunos indiferente, nem pelos mais fracos ou menos dotados. Se Nietzsche era parcimonioso nos elogios, usa mais raramente ainda de reprimenda... Nunca o víamos irritado, nunca elevava o tom da voz, nem se alterava..." (pág. 55, op. Cit. )

História, cultura e educação -


 Segundo Nietzsche, a educação que os jovens alemães recebem nas instituições de ensino funda-se numa concepção de cultura histórica que, ao privilegiar os acontecimentos e as personagens do passado, retira do presente sua efetividade e desenraíza o futuro.
Uma história, um pensamento que não servem para engendrar vida e impor um novo sentido ás coisas só podem ser úteis àqueles que querem manter a ordem estabelecida e o marasmo da vida cotidiana.
É pensando na juventude e confiando nela que Nietzsche grita: "Já basta de cultura histórica". "De resto, abomino tudo aquilo que me instrui sem aumentar e estimular imediatamente minha atividade." – com esta citação de Goethe, Nietzsche inicia sua Segunda Extemporânea e dela tira a seguinte conclusão: deve-se abominar o ensino que não vivifica e o saber que esmorece a atividade. O homem deve aprender a viver, e só se utilizar da história quando ela estiver a serviço da vida. (pág. 60, op. Cit. )
........... A cultura, na perspectiva de Nietzsche, só pode nascer, crescer, desenvolver-se a partir da vida e das necessidades de vida... (pág. 60, op. Cit.)
...... O excesso de história, o saber a qualquer preço, a ruminação do passado, a cultura da memória – são essas as forças que separam a cultura da vida. Quando a história se põe a serviço da vida passada, alerta Nietzsche, torna-se coveira do presente. Depauperiza e provoca a degenerescência da própria vida. Longe de alimentá-la, mumifica-a. Fossiliza o próprio tempo. O excesso de história conserva a vida, mas não sabe fazê-la nascer; por isso, só faz depreciar a vida em transformação.
É preciso ficar claro que Nietzsche não tem a ingenuidade de opor à história a ausência de sentido histórico. O que discute é em que medida a história pode ser útil à vida.
Analisa as causas e descreve os sintomas da doença histórica: a expansão do saber e o conseqüente enfraquecimento da cultura.
Nós não somos feitos para o saber, é o saber que é feito para nós. A vida tem necessidade da história, e a história é própria do ser vivo. O excesso de história, no entanto, envenena a vida.
.... O que Nietzsche propõe para a cultura histórica é uma questão de dosagem. Não se trata de negar o sentido histórico, mas de conter o seu domínio, de conduzi-lo a uma justa medida.
O artista, homem ativo por excelência, não deixa que a massa do saber histórico o submerja, porque sabe que ela retiraria de si o único poder que lhe cabe na terra: o da criação. (pág. 61, op. Cit.)
Busca o passado, porque tem necessidade de modelos que não consegue encontrar ao seu redor. Absorve e transforma em sangue próprio todo o passado, o seu e o dos outros, para utilizá-lo em sua obra, mas sabe também que todo ato criador nasce de uma atmosfera não histórica, de um estado de esquecimento. Para realizar sua obra, o artista "esquece a maior parte das coisas para realizar uma só, é injusto para com o que está atrás de si e só conhece um direito, o daqueles que vai ser".
Mas o homem de cultura histórica, diferente do artista, utiliza-se da história para alijar o presente de sua efetividade: por toda parte, arrasta consigo as "indigestas pedras do saber". Desconhece a força plástica de que dispõe para digerir a multiplicidade de conhecimentos que pode armazenar sem perigo para o seu desenvolvimento harmonioso, pois é ela que transforma em sangue e carne todo o alimento intelectual e, de uma maneira geral, todas as suas experiências. Orgulha-se de sua cultura histórica, porque esta o coloca no fim da história.
Para Nietzsche, a cultura histórica padece da "crença paralisante" de uma representação teológica, herdada da Idade Média. Em outras palavras, "sofre do pensamento da proximidade do fim do mundo", do terror do "Juízo Final". Na origem do abuso da história, está o pessimismo cristão. Sob a máscara da erudição, esconde-se uma "teologia camuflada".
A cultura histórica – "o olhar para trás, fazer as contas, concluir, procurar consolo no que foi, por meio de recordações" – prediz uma conclusão da vida sobre a Terra e "condena tudo o que vive a viver o último ato". Tudo sobrevive sob esta máxima: "é bom saber todo o acontecido, porque é tarde demais para fazer algo de melhor" Esse sentimento de desesperança ensombrece toda educação e cultura superiores e impede que o novo venha a existir. (pág. 63, op. Cit.)

A educação e o homem erudito - 

O exame da literatura escolar e pedagógica dos últimos decênios levou Nietzsche a constatar que, apesar das flutuações do programas e da violência dos debates, o projeto educativo continua a ser o mesmo: a formação do "homem erudito". O monótono cânone da educação poderia resumir-se nestes pontos: o jovem aprenderá o que é cultura e não o que é vida, isto é, não poderá de modo algum fazer suas próprias experiências; a cultura será insuflada no jovem e por ele incorporada sob a forma de conhecimento histórico; seu cérebro será entulhado de uma enorme quantidade de noções tiradas do conhecimento indireto das épocas passadas e de povos desaparecidos, e não da experiência direta de vida. Se, porventura, o jovem sentir necessidade de aprender alguma coisa por si próprio e desenvolver "um sistema vivo e completo de experiências pessoas", tal desejo deverá ser abafado. Em compensação, terá a possibilidade de, em poucos anos, acumular em si mesmo as experiências memoráveis do tempo passado.
Todo o sistema educacional é concebido como se o jovem pudesse descobrir sua vida nas técnicas passadas. (pág. 64, op. Cit.)
... Saber muito e ter aprendido muito não são nem um meio necessário, nem um signo de cultura, mas combinam-se perfeitamente com o contrário da cultura, a barbárie, com a ausência de estilo ou com a mistura caótica de todos os estilos".

..... Quando Nietzsche denuncia o caráter imitativo dos alemães, não tem por objetivo contrapor à mistura caótica de todos os estilos uma cultura nacional; pelo contrário, critica o nacionalismo exacerbado dos que confundem cultura com as glórias militares dos exércitos prussianos. Quando afirma a originalidade do espírito alemão, dos seus filósofos e artistas nacionais, é para lutar contra a imitação superficial dos costumes, das artes e da filosofia de outros povos e o conseqüente desenraizamento da cultura alemã.
O segredo dissimulado da cultura moderna, sua verdade eterna, é que ela não possui nada de próprio, tendo-se tornado alguma coisa que se assemelha a uma "enciclopédia ambulante", uma película que envolve os costumes, as artes, as filosofias, as religiões e o conhecimento alheio: "... mas o valor das enciclopédias está apenas no seu conteúdo e não no invólucro, na sua encadernação de ouro; é desta forma que a cultura moderna é essencialmente interior; no exterior, o encadernador inscreve qualquer coisa do gênero: ‘Manual de cultura histórica para homens de exterior bárbaro’". (pág. 65, op. Cit.)

O saber absorvido sem medida aparente pelo homem, deixa de atuar como motivo transformador, não aflora, permanece escondido e forma o que Nietzsche chama de sua "interioridade" – um amontoado de coisas acumuladas desordenadamente. A oposição entre interior e exterior no homem é, na verdade, o sintoma mais evidente de uma cultura decadente e da ausência de uma unidade de estilo. (pág. 66, op. Cit.)
.... O que Nietzsche deplora na educação é a disjunção entre corpo e espírito. Sua concepção de educação, fortemente influenciada pelos gregos, considera que corpo e espírito devam ter o mesmo desenvolvimentos sem que haja a hipertrofia de nenhum desses dois elementos. Reprova também o fato de a educação de sua época não ter como objetivo formar personalidades fortes, mas sim homens teóricos.
Sendo assim, pode-se concluir que o excesso de história, a cultura livresca, a separação do corpo e do espírito levam Nietzsche a dizer que a Alemanha não tem exatamente uma cultura. Se ela existe, é apenas uma cultura artificial, e não a expressão direta da vida; um suplemento, um excedente. Poderíamos desfazer-nos dela sem o menor prejuízo para a vida, pois é apenas um conjunto de adornos para tirar o homem de seu tédio. A Alemanha não possui uma cultura, nem pode tê-la, em virtude de seu sistema educacional. A partir do reconhecimento dessa verdade, afirma Nietzsche, deverá ser educada a primeira geração dos que irão construir uma cultura autêntica.
Todavia, essa geração deverá educar-se a si mesma e contra si mesma – isto é, terá de formar novos hábitos e uma nova natureza, desfazer-se de sua primeira natureza, abandonar seus primeiros hábitos, de tal modo que diga: "Que Deus me defenda de mim, da natureza que me foi inculcada".
Todas as ações ligam-se a apreciações de valor, e todas as apreciações de valor são ou pessoais ou adquiridas – e essas última são, sem sombra de dúvida, as mais numerosas. As pessoa submetem-se mais às convenções do que ás suas próprias convicções. No primeiro parágrafo de Schopenhauer como educador, Nietzsche relata a seguinte passagem: perguntaram a um viajante, que havia percorrido muitos países e conhecido vários povos, qual a qualidade que mais encontrara nos homens. Sua resposta foi esta: uma propensão á preguiça. Por toda parte, encontrara homens entediados, escondendo-se atrás dos costumes e das opiniões alheias. Por preguiça e temor ao próximo, os homens se comportam de acordo com as convenções e seguem a moda do rebanho. Que motivo têm para adotar sempre as opiniões e as apreciações de valor de seu semelhante? Em uma palavra, o hábito....
Mas para desprender-se e defender-se das virtudes do rebanho é necessário que os homens engulam a seguinte verdade, como um remédio amargo: a primeira virtude do homem é ousar ser ele mesmo. É preciso triunfar sobre si mesmo, isto é, sobre a natureza que lhe foi inculcada e o tornou inepto para a vida. Para Nietzsche, não há espetáculo mais hediondo do que ver um homem que se despojou do seu "gênio", do seu ser criador e inventivo. Falta-lhe medula. Só tem fachada. Assemelha-se a um "fantasma da opinião pública"........ (pág. 66 e 67, op. Cit.)



A imitação criadora (pág. 75, 76 e 77, op. Cit.) - À primeira vista, pode parecer estranho ouvir Nietzsche recomendar aos que querem se educar que procurem um modelo para imitar. É bom lembrar que Nietzsche critica o "filisteu da cultura" justamente pelo fato de ser um imitador, um espectador da vida e do pensamento alheio, e não o autor de sua vida e de seus pensamentos. Para evitar mal-entendidos, é preciso compreender a que tipo de imitação Nietzsche se refere, e como se aproximar de um modelo que ao mesmo tempo eduque e eleve.

Nietzsche adverte para o perigo que corre todo imitador. A dignidade de um pensador ou artista, a sua superioridade sobre todos os outros homens podem fazer com que os que queiram imitá-los fiquem de fora da comunidade dos ativos.

De que modo isso pode acontecer?
A imagem do grande homem pode produzir uma cisão na alma e na personalidade do indivíduo, de tal forma que ele comece a viver em dupla direção: em contradição consigo próprio e voltado para quem deseja imitar. Isso fatalmente lhe retirará todo o poder de agir, e seu pensamento não poderá ser outro: "Não poderei fazer melhor do que ele; portanto, permanecerei não fazendo nada". Assim, novamente o indivíduo se deixa imobilizar: "Se tudo já está feito, é melhor cruzar os braços e esperar o fim da história".
A imitação a que Nietzsche se refere não é a imitação do "filisteu da cultura", nem a imitação a que pode sucumbir um jovem bem-intencionado. A imitação, para ele, é ativa, deliberada, construtiva, e permite a reconstrução do modelo, a superação de si mesmo e a anulação do efeito paralisante de sua época. Como bem escreve Lacoue Labarthe, em seu livro A imitação dos modernos:

"Assim, a luta de Nietzsche contra a imitação e a cultura histórica consiste, no essencial, numa conversão da mimesis... Converter a mimesis é torná-la viril. É fazer com que ela deixe de tomar a forma de submissão para tornar-se realmente criadora. E, se na imitação passiva ocorre um mal relacionamento com a história, é esse mesmo relacionamento que é preciso converter e transformar em relacionamento criador".
Em suma, Nietzsche propõe uma imitação criadora. Não se trata de repetir passivamente o modelo, mas de encontrar o que tornou possível sua criação. É a imitação da "história monumental", isto é, do que é exemplar e digno de ser imitado, e deve visar "a superar o modelo". Imitar o modelo quer dizer mimetizar sua força criadora e transformadora. O exemplo é um estímulo para a ação e para uma nova configuração.......

O gênio e a cultura:

 O percurso do gênio é sempre penoso e solitário. Por ser original, isto é, ver sempre as coisas pela primeira vez, é vítima de uma série de mal entendidos. Enquanto os homens comuns e os eruditos se preocupam com o esquadrinhamento do que é útil e chama a isso de cultura geral, o gênio está além das motivações interesseiras e interessadas e tem uma visão de conjunto do conhecimento e da vida. É um "homem-destino", um instrumento do fundo criador da vida, investido de uma missão cósmica de conservar a vida e fazê-la frutificar Ultrapassa a compreensão, mas não a percepção dos homens. (pág. 81, op. Cit.)

Os setores que promovem a cultura deveriam ter como meta a criação do gênio. Entretanto, sua finalidade é outra. Esse desvio ocorre, segundo Nietzsche, por interferência de três egoísmos: o egoísmo das classes comerciantes, o egoísmo do Estado e o egoísmo da ciência.






O Egoísmo das classes comerciantes :

 As classes comerciantes necessitam da cultura e a fomentam, embora prescrevendo regras e limites para sua utilização. Eis o seu raciocínio: quanto mais cultura, maior consumo e, portanto, mais produção, mais lucro e mais felicidade. Os adeptos dessa fórmula definem a cultura como um instrumento que permite aos homens acompanhar e satisfazer as necessidades de sua época e um meio para torná-los aptos a ganhar muito dinheiro. Assim, os estabelecimentos de ensino devem ser criados para reproduzir o modelo comum e formar tanto quanto possível homens que circulem mais ou menos como "moeda corrente".

Com a ajuda de uma formação geral não muito demorada, pois a rapidez é a alma do negócio, eles devem ser educados de modo a saber exatamente o que exigir da vida e aprender a ter um preço como qualquer outra mercadoria. Assim, para que os homens tenham uma parcela de felicidade na Terra, não se deve permitir que possuam mais cultura do que a necessária ao interesse geral e ao comércio mundial.



O Egoísmo do Estado :

O Estado também deseja a extensão e a generalização da cultura, e tem em mãos os instrumentos para isso. Tem interesse no desenvolvimento intelectual de uma geração, para fazê-la servir e ser útil às instituições estabelecidas. Quer fazer acreditar que é fim supremo da humanidade, não havendo dever maior para o homem do que servi-lo: apresenta-se como o "mistagogo da cultura", o mentor das artes, quando, na verdade, visa apenas ao seu próprio interesse – ou seja, formar quadros de funcionários para mantê-lo existindo.



O Egoísmo da ciência: 

Em terceiro lugar, vem o egoísmo da ciência e a singular atitude de seus servidores: os cientistas. Enquanto se entender por cultura o progresso da ciência, esta passará impiedosa e gelada diante do grande homem que sofre, pois vê em todo lugar problemas de conhecimento. A principal característica do cientista é a avidez insaciável por conhecimento. O avanço a qualquer preço e a toda velocidade; a pesquisa cada vez mais "produtiva", no sentido econômico da palavra; o culto idolátrico do real, "fazendo justiça aos fatos" – eis o que caracteriza a ciência. (pág. 82, op. Cit.)


Será que o pensamento de Nietzsche pode ser usado, hoje, como um instrumento para pensar a educação?

Será que seu exemplo ainda pode servir para nos educar e, consequentemente, educar a quem educamos?


Não há dúvidas quanto a essas questões. Nietzsche apontou problemas que, apesar dos esforços de alguns educadores bem-intencionados, ainda não foram resolvidos. Um deles – e talvez o mais grave – é o ensino da língua materna, até hoje um grande desafio. Cada vez mais, abandona-se a formação humanista, em favor de uma educação voltada para as necessidades do parque industrial.
Isto incentiva os indivíduos a um preparo rápido – uma profissionalização – que os torne aptos a trabalhar na "fábrica da utilidade publica" e a servir como técnicos na maquinaria do Estado. Uma formação humanista seria um luxo que os afastaria do mercado de trabalho.
Como filósofo-educador e "médico da cultura", Nietzsche repensou as questões de educação a partir das necessidades vitais (que não se resumem à sobrevivência), e não às do mercado de trabalho, criado para satisfazer as exigências do Estado e da burguesia mercantil.
Adotou a vida como critério fundamental para todos os valores da educação e, com isso, destruiu as convicções que sustentavam o sistema educacional de sua época.
... Tomar Nietzsche como exemplo significa educar-se incansavelmente; adquirir uma capacidade crítica pessoal e uma capacidade de pensar por si; aprender a ver, habituando o olho no repouso e na paciência; dominar o "instinto do saber a qualquer preço", utilizando este princípio seletivo: só aprender aquilo que puder viver e abominar tudo aquilo que instrui sem aumentar ou estimular a atividade; manter uma postura artística diante da existência, trabalhando como artista a obra cotidiana; "dar à vida o valor de um instrumento e de um meio de conhecimento", procedendo de modo que os falsos caminhos, os erros, as ilusões, as paixões, as esperanças possam conduzir a um único objetivo – a educação de si próprio.

Em suma, tomar Nietzsche como exemplo não é pensar como ele, mas sim pensar com ele: "Nietzsche" não é um sistema, nem mais um pensador com um programa de educação. Nietzsche, como afirma Gérard Lebrun, "é um instrumento de trabalho insubstituível".

Minhas conclusões:

Podemos observar que estas conclusões de Nietzsche, descrevem ainda, o modelo organizacional de nossa sociedade apesar dos "avanços tecnológicos".
Acredito  em minha experiência como educadora e mãe, e assim pude observar que o indivíduo não desenvolve sua capacidade de "ser" com plenitude em um contexto que, padroniza o saber, o viver, o sentir, o pensar.  Estamos extasiados pelo competitivo mundo globalizado dos cifrões, "tempo é dinheiro".
Falamos de Sustentabilidade, Direitos humanos, Democracia em um mundo em que "parecer que é" tem mais valor do que realmente ser. Tudo em demasia sufoca, cega, ensurdece. O conhecimento extratificado das massas, implantado pela mídia oportunista e alienante faz com que a humanidade "flutue" pela vida,  sem "sentir" o que a vida nos apresenta. Nos falta degustar a vida, com tudo que ela representa: alegrias tristezas e frustrações. Com já dizia nosso Nietzsche:
..."O que não  mata  fortalece".
Sabemos o quanto é importante a prática científica, mas deveríamos despender um cuidado maior sobre o que o ser humano já traz consigo quando entra na sala de aula. Suas experiências e carências.
Estudar a história da humanidade é importante também, mas a carga horária deveria ser divida com disciplinas que trouxessem um crescimento humano para as crianças. Práticas que preparariam melhor o homem , que os fizessem desenvolver o pensamento crítico, e aceitar que não existe verdade absoluta quando se trata de conhecimento. Só assim estariam na construção rumo a uma nova realidade ainda utópica: Viver em uma sociedade mais libertária e igualitária. 

Danubia Rocha

(Do livro: Nietzsche Educador, Rosa Maria Dial, Editora Scipione,1990)

[Filósofos & Educação] - Nietzsche (vol.3)


Publicado em 14/05/2012
Vídeo faz parte da série produzida pela TVE sobre Filosofia da Educação vol. 3 
 Apresentação Antônio Joaquim Severino.

Nietzsche X Romantismo Alemão




Falar sobre Friedrich Nietzsche (1844-1900) é uma tarefa assustadora e, ao mesmo tempo, instigante. Analisar o trabalho deste filósofo alemão é mergulhar num labirinto de pensamentos que nos atrai para, ao que parece à primeira vista, um poço sem limites. No entanto, é dentro desta tarefa recompensadora e ao mesmo tempo árdua (aqui poderia dizer que já neste esforço aparece pela primeira vez as manifestações dionisíacas e apolíneas) que vou me debruçar.
Nietzsche em seu delírio filosófico, nos mostra como se construiu a cultura ocidental, analisando a arte dos gregos que, para ele, se manifesta através dos princípios apolíneo e dionisíaco. Nesta convulsão de pensamentos, Nietzsche demonstra como a cultura ocidental tomou por base esta idéia e como ele próprio se viu envolvido com os idealistas do romantismo alemão, que por sua vez, têm por base, o pensamento platônico (apolíneo) que se desencadeou no pensamento cristão de sua época.
A partir daí, Nietzsche se vira contra Sócrates e, acredita, em um primeiro momento, que a arte realmente se eleva em um pensamento puro inalcançável pelo homem e se manifesta, na realidade, como uma cópia imperfeita deste pensamento. Aqui, demonstra Nietzsche, o idealismo de Platão contra o racionalismo de Sócrates que buscava, então, uma razão para a arte grega. Para a tragédia.
Apesar desta primeira aproximação, o filósofo alemão entra em choque mais tarde, porém, com este romantismo alemão e passa a atacá-lo com todas as suas forças. O romantismo passou de um caso de amor ao de desafeto. Nietzsche compreendera que a realidade, a vida, só vale a pena enquanto é vivida. Ele passa a acreditar que o real pode ser demonstrado através da força dionisíaca.
Aqui, tentarei demonstrar como Nietzsche se viu às voltas com o romantismo alemão e como ele se viu afastado desta corrente de pensamento. Para tanto, mergulharei no olho do furacão e, com espírito investigador, tentarei desvendar a força dionisíaca que sai de seus pensamentos. Buscarei alcançar a plenitude da melodia que ecoa de suas palavras e as beberei como um bêbado que não desiste de um último gole. Assim, acredito eu, estarei um pouco mais próximo do pensamento deste frenético arauto que se chama Friedrich Nietzsche.

O Romantismo Alemão:

O Romantismo alemão, surge no século XIX, em oposição clara ao Aufklärung, ou seja, o “iluminismo” alemão. Para se contrapor a este modelo francês, os artistas alemães decidiram criar um movimento que reacendesse o espírito de nação em uma Alemanha pre´-matura. Foi assim que os jovens artistas alemães passaram a defender a supremacia do sentimento em resposta ao primado da razão. A crença fundamental destes jovens artistas era de que a arte revela uma verdade mais profunda do que a razão pode revelar.
O Romantismo, tornou-se assim, uma espécie de nostalgia da natureza perdida com o advento da razão. O movimento teve início com o Sturm und Drang, que na tradução seria “Tempestade e ímpeto”. A idéia aqui corresponde a uma verdade absoluta que não seria alcançada pelo homem, ou seja, embora fizesse sua arte revelar tal estado, o homem nunca seria capaz de atingí-la em sua plenitude. Para estes jovens poetas alemães, a transcendência é que determinaria o Absoluto, ou seja, Deus. Tornou-se corrente, então, entre os adeptos desta nova linha de pensamento, uma corrida em busca do Absoluto. No entanto, o máximo que conseguiam, diziam os românticos, era expressá-lo.
Um dos incentivadores desta nova corrente seria Kant, que limitou a razão pura. Aí, ao limitar a razão pura, Kant limitou também a liberdade, por um aspecto moral. Somente por uma exigência moral, e não racional, eu chego a liberdade, a Deus. Esta limitação, no entanto, dava lugar a fé que seria o caminho pelo qual eu chegaria a este Deus. Entre seus seguidores, estava Hölderlin que admitia que “Como manifestação da physis, dessa natureza criadora, o homem é infinito, mas, individualizado, é finito e ilimitado por outras existências”.
A paronimia aqui é esboçada em relação a Deus. Para ele, todos os seres são derivações de Deus, desta natureza unificada e criadora. Ao contrário do que dizia Espinosa, no entanto, outra fonte de inspiração dos românticos, que afirmava que não existe separação existencial, existe uma só substância. Aqui, os românticos não fizeram uma leitura correta do pensamento de Espinosa que, apesar disto, serviu de inspiração para estes jovens poetas do movimento do Romantismo alemão.
Diz ainda Hölderlin que “o eterno encarna-se no tempo, mas a temporalidade limita e produz a dor e o dilaceramento”
Outro romântico que buscava o Absoluto, foi Schelling que defendia a união dos pensamentos de Fichte, que pregava a existência do eu livre, que se põe como absoluto na medida que todo o objeto se coloca a partir dele, com o pensamento de Espinosa que fundamentava sua teoria na existência de uma única substância. A busca de Schelling, assim como a de outros românticos, era de explicar uma totalidade orgânica. Para ele, é preciso construir a unidade sujeito-objeto. Aqui já se esboça os primeiros indícios de uma filosofia que viria a ser formulada posteriormente por Hegel, ou seja, “a auto-posição do eu, que se conhece a si própria como auto-consciência” .
Para Schelling, a filosofia transcendental e a filosofia da natureza seriam complementares, em busca de uma unidade que revelaria, em si, o absoluto.
Hegel viria a se juntar a este grupo posteriormente analisando o real como processo dentro de uma grande unidade. Aqui, as diferenças se põem em constante movimento e nos dão a real noção da unidade que ele acreditava existir. Na Fenomenologia do Espírito, Hegel tenta demonstrar que “as etapas pelas quais a consciência, que inicialmente apreende o mundo, encontra a si mesma nesse processo de apreensão e, revelando-se na especificidade dessa relação, reencontra-se na totalidade, que abarca tanto o sujeito como o objeto”
Para Hegel, a consciência ao realizar a trajetória em busca do conhecimento, se encontraria a si própria e, assim, atingiria o Absoluto. Este movimento dialético era apreendido através da história e seu desenrolar. Ao completar o percurso em busca do Absoluto, a consciência retornaria e começaria a trajetória novamente, em um eterno devir.

Separação de Nietzsche do Romantismo alemão:

O caso de amor de Friedrich Nietzsche não foi eterno. O filósofo advertira aos seus conterrâneaos a morte de Deus. Isto decretaria o rompimento do seu pensamento com os pensadores do Romantismo alemão. Para ele, na consciência do europeu no final do século XIX já se configura a morte de Deus . Ou seja a desvalorização dos valores morais, o fim do Deus cristão e de tudo aquilo que ele representava. A morte de Deus, no entanto, é o “fim do mundo-verdade, ou seja, o fim do platonismo”
A doutrina platônica, aquela que previa um mundo ideal no mundo das idéias, serviu para pontuar um conceito de verdade absoluta esta que não seria alcançada pelo homem. Esta verdade estava além do mundo das aparências. O espírito puro, o Bem em si, ou seja, Deus. Para Nietzsche, Platão e todos os metafísicos inverteram o sentido da verdade e argumenta isto com a metáfora da mulher. Desta forma, ele decreta que a verdade deveria estar onde Platão não a via. “Na valorização positiva da aparência, dos véus, do disfarce, da sedução, das paixões, do corpo e do desejo” . Segundo a análise de Oswaldo Giacoia Júnior, isto sempre esteve ligado, no mundo ocidental, com o feminino, o perigoso, com a carne.
Ao rever a sua posição, Nietzsche revela a todos que a verdade deveria ser predominante no princípio dionisíaco, ao contrário do que afirmava anteriormente, quando acreditava que ela deveria pertencer ao princípio apolíneo. Com a morte de Deus, o filósofo alemão passa a encarar que não há apenas um caminho para se chegar a esta verdade. A verdade como realidade oculta se apresenta, então, como uma invenção platônica que dominou a cultura ocidental durante séculos e, agora, estava prestes a ruir com aquele que antes fora seu defensor.
Desta forma, Nietzsche aponta para que a verdade seja alcançada de muitas formas. Aqui, o filósofo alemão insere o conceito de perspectivismo, ou seja, diante de diversas perspectivas é que podemos nos encaminhar para aquilo que denominaremos verdade. Segundo Nietzsche, isto só ocorre porque não podemos desvincular o conhecimento de condicionamentos subjetivos. Ainda, nas palavras de Oswaldo Giacoia Júnior, “da incontornável particularidade dos interesses de manutenção e ampliação de posições alcançadas de força e poder”.
Assim, o perspectivismo vem trazer à tona todo este confronto de idéias que lutam entre si para demonstrarem que não devemos nos submeter a um único pensamento e tomá-lo como o único correto e desprezar os demais. É neste confronto de idéias que se ergue o mundo. Deste constante vir a ser de teorias que o mundo se revela desnudo. “O perspectivismo opõe, portanto, à imparcialidade de um conhecimento desinteressado a inexorabilidade das determinações históricas, sociais, culturais, psicofisiológicas e linguísticas que condicionam o conhecer o julgar e o agir” .
Este novo Nietzsche, este novo pensar, vem em resposta a filosofia transcendental de Kant e do desenvolvimento do idealismo alemão. Assim, Nietzsche resolve questionar as categorias kantianas e a verdade eterna. Para ele, nenhuma verdade eterna, nenhuma categoria, poderá por fim aos constantes conflitos de idéias que visam buscar o conhecimento da realidade e de tudo que nos cerca.
Este modo de ver o mundo, o perspectivismo, vem calcada sobre aquilo que em Nietzsche é considerado Vontade de Poder. “A vontade de poder deve ser entendida como o elemento fundamental da realidade, pois tudo aquilo que sucede no universo pode e deve ser explicado a partir de alianças e oposições entre forças, com vistas a manutenção e incremento de formas organizadas de relações de poder”.
É neste jogo de forças que o mundo vai se revelando para nós. Agora ele não é mais algo oculto que só pode ser contemplado, mas sim algo que pode ser alcançado e explicado pelo homem. Como poderíamos descrevê-lo se a verdade estaria oculta a nós? Aqui, Nietzsche rompe com toda a tradição metafísica e revela a todos, a morte de Deus. Esta vontade de poder, está, no entanto, intrinsicamente relacionada a formas de dominação e sujeição.
Esta vontade de poder só pode ser utilizada no confronto de uma força (de pensamento) com outras forças.
Assim o mundo revela-se constante, dinâmico, e não estático como queria Platão e os demais metafísicos. Não devemos imaginar, entretanto, que estas forças estejam somente em oposição umas as outras. Elas também se unem, quando vislumbrarem pontos de concordâncias e se separam daquelas que não apresentarem tais pontos.
A dissolução do valor absoluto da verdade ao invés de nos levar a ruínas, ao contrário, nos revelou que o mundo pode ser melhor vivido sem este peso que recaía sobre as costas daqueles que ousassem fugir a tal sistema e daqueles que não desejavam viver para o inteligível, mas sim a sua própria vida. Desta forma, Nietzsche nos apresenta uma filosofia para a vida ao declarar que estamos num turbilhão de idéias em confronto que buscam, entre si, desvelar este mundo que durante muito tempo ficou a sombra do Absoluto da metafísica.
A transvaloração , “consiste em levar nossa tradição à sua plenitude, extraindo a derradeira consequência da lógica de seus próprios valores. Ao fazê-lo, ele a conduz à sua catástrofe – isto é, a sua auto-superação”
Autor: Edvaldo Nabuco
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Nietzsche e os princípios: "Apolíneo e Dionisíaco"

Os princípios Apolíneo e Dionisíaco de Nietzsche: 


 É através de Apolo (Deus das artes e da adivinhação, que personificava o Sol) e Dionisio (Deus da alegria e do vinho, também chamado de Baco pelos romanos) que Nietzsche descreve a maneira pelo qual compreendia a arte dos gregos. Para ele, esta era demonstrada em sua perfeição através dos sonhos que mostravam ao artista as imagens divinas e belas. Para alcançar tal estado, no entanto, o homem se utilizaria de uma potência, o princípio de individuação, que o colocaria em contato com este mundo de aparências divinas e fruto gerador das obras dos mais diversos artistas. Desta forma, o homem grego, o artista grego, passa a considerar que existe uma realidade oculta para nós que vai além da nossa realidade visível. 
Esta realidade é demonstrada pelo princípio apolíneo, do sonho, que seria o fruto gerador da “verdadeira” vida. E, “a partir dessas imagens interpreta a vida e com base nessas ocorrências exercita-se para a vida” . Segundo ele, esta experiência do artista o leva a um profundo estado de prazer. Para ele, o olhar de Apolo deve ser aquele solar que, mesmo mirando sobre o colérico e o mal humorado, não deixa de admitir a bela aparência. Para apreciar esta realidade apolínea, o homem deve estar centrado no princípio de individuação que em Apolo demonstra a mais sublime expressão e, segundo Nietzsche, nos daria o maior prazer e sabedoria da aparência e sua beleza. 
Para ele, como dissemos anteriormente, o princípio apolíneo é o que demonstra a verdadeira vida que, interpreta Nietzsche, nos gregos é ligada ao tempo, a perenidade. Para os gregos, a vida se perpetua na memória. Eis o drama da tragédia grega que será demonstrada em concatenação com a manifestação dionisíaca. O princípio dionisíaco era interpretado como se fora uma embriaguez manifesta daquele mundo belo e divino de Apolo. A ruptura do princípio de individuação, entretanto, que nos leva ao fundo mais íntimo do homem, nos mostra a essência do dionisíaco, que está quase sempre ligada a beberagem e as festas realizadas pelos povos na antiguidade, onde “o subjetivo se esvanece em completo auto-esquecimento” Desta forma, a natureza mostra-se alegre e passa a festejar a volta daquele que havia se perdido. O seu filho. O homem. É assim que ele celebra a vida. A forma imperfeita, o que em Apolo é o perfeito. “Agora, graças ao evangelho da harmonia universal, cada qual se sente não só unificado, conciliado, fundido com o seu próximo, mas um só, como se o véu de Maia tivesse sido rasgado e, reduzido a tiras, esvoaçasse diante do misterioso Uno-primordial”. Esta arte dionisíaca, porém, não leva, segundo Nietzsche, em consideração o homem podendo, inclusive, vir a destruí-lo ou libertá-lo. É neste movimento de interpenetração e interação entre o divino Apolo e a volúpia e a crueldade de Dionisio, que se me afigura o desenlace da tragédia grega. Desta forma de representação entre o Divino e seu correspondente “real” que devemos buscar o entendimento da tragédia. 
 Para situar melhor a disposição em que a arte grega se via neste movimento contínuo-descontínuo da vida, de Apolo e Dionisio, consideremos que a escultura é demonstrada como a arte apolínea pois, como vimos, a perenidade é que se configura como o ideal grego, enquanto a música, que nunca poderá ser repetida em mais de uma execução, é demonstrada como o princípio dionisíaco, que está diretamente ligada ao movimento. Seguindo os preceitos de Platão, para os gregos o ser das coisas está no mundo das idéias. Aqui, a transcendência se opõe a imanência. E esta era a busca dos heróis. Através da influência socrática, no entanto, Platão passa a considerar que a arte trágica não diz a verdade. Segundo Nietzsche, Platão precisou criar uma nova arte para, então, dar conta da verdade das coisas. Criou, então, o romance. Para Nietzsche, porém, Sócrates ao morrer se fez demonstrar que estava correto em sua busca de ciência. Para o filósofo alemão, no entanto, Sócrates deveria Ter sido banido. Ao morrer, Sócrates fez “aparecer a existência como compreensível e, portanto, como justificada: para o que, sem dúvida, se as fundamentações não bastarem, há também de servir, no fim de contas, o mito, o qual acabo de designar como a consequência necessária e, mais ainda, como o propósito da ciência”

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