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Lauro de Oliveira Lima: Educador brasileiro seguidor de Piaget





"Fiz uma opção de vida: só permanecer na planície
se minhas asas não tiverem forças
para arrancar-me do chão;
mesmo com as asas curtas tentarei voar.
Não admito que não tenho asas".
Lauro de Oliveira Lima
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Lauro de Oliveira Lima: 

Educador e seguidor de Piaget


Lauro de Oliveira Lima e sua obra se confundem na história do pensamento pedagógico brasileiro e mostra a importância da educação para o Brasil. Nascido em Limoeiro do Norte, Ceará, no ano de 1921, formou-se em direito e filosofia e foi diretor do ensino secundário do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Trabalhou no Ministério no início da implantação dos planos nacionais de alfabetização, foi cassado pelo governo militar, e pioneiro de um método pedagógico baseado na teoria de Piaget.

Ele escolheu como base a teoria piagetiana, mas também andou por vários pensamentos de maneira sempre crítica. Como seminarista e estudante de filosofia teve acesso a vários pensadores, sendo os que mais o influenciaram foram Lewin, Chardin, Mounier, Freud, Chomsky,Kant, Hegel, Marx, Foucault e, principalmente, Jean Piaget – cuja teoria educacional prega que a educação deve fugir do lugar comum dos críticos tradicionais.
Lauro faz o papel do crítico da educação brasileira e com sua extensa e intensa obra planeja e oferece propostas decisivas para a mudança da dinâmica das pessoas – principalmente professores e estudantes - que integram o cenário educacional. Ele criticou principalmente a categoria Educação por não possuir um órgão de controle de qualidade profissional, como acontece com os Conselhos de Medicina, Psicologia, a Ordem dos Advogados etc. Para ele o professor é um acomodado, que precisa ler e se atualizar sempre.  “O professor que não lê revistas de sua especialidade é um embusteiro”, comenta Lauro.

 Criou o Método Psicogenético que privilegia a dinâmica de grupo como a didática básica e cujo princípio fundamental é: "O professor não ensina; ajuda ao aluno a aprender". O método diz que o professor deveria deixar de lado sua postura de "professor-informador" para assumir a postura de "professor-orientador", assim como um "técnico de futebol", que organiza o time em campo. E considera que a discussão entre todos é a didática fundamental: “A ideia de ensino será substituída por uma autoaprendizagem, cabendo ao professor criar situações (animador), em que os jovens se disponham a utilizar a informação de que está prenhe o ambiente”, definiu o professor.

A reforma educacional pregada por ele seria sinônimo de liberdade, experimentação, privilegiar a cultura geral, prática como ensino, administração não pré-estabelecida e ensino primário vinculado ao normal. O corpo docente deverá estar atento às mudanças: “Qualquer lei que pretenda estabelecer 'a priori' objetivos sociológicos e regras inflexíveis de formação profissional, logo ficará anacrônica diante dos progressos tecnológicos e das variações do ritmo do desenvolvimento, progressivamente mais aceleradas no mundo moderno”.

Ele indicou “as Unidades de Treinamento” que seriam ministradas por todo o corpo docente da escola e teriam a duração de três meses, de um ano letivo com duração de duzentos dias. Ou seja, cinquenta dias letivos para cada Unidade de Treinamento, o que seria equivalente a quarenta horas/aula em cinco aulas semanais. Assim sendo, cada trimestre terá uma Unidade de Treinamento e quatro Unidades Didáticas, cabendo à primeira quarenta horas/aula e à segunda trinta e duas horas/aula. Essa sua proposta de estruturação de um curso normal foi transformada na Lei 4.410, de 26 de dezembro de 1958, regulamentando o Ensino Normal no Estado do Ceará.

 Incluiu também na educação dos adultos, todos os meio de comunicação. O domínio da leitura e da escrita é uma libertação. Alfabetizar adultos é prepará-los para o mercado de trabalho. “Uma das preocupações do adulto analfabeto em se alfabetizar é o interesse pessoal em auxiliar seus próprios filhos a ler e a escrever; e o outro motivo é a conscientização ou produtividade de seu serviço”, concluiu o professor com relação à intenção de se acabar com analfabetismo.

Para o professor a mulher se vangloriava de uma intuição que não poderia ser considerada exclusividade sua e achava que a libertação da mulher moderna estava no uso do coletivo, saindo da opressão que é o lugar da família – a casa. “O lar moderno é um pequeno mundo vazio onde a cozinha não tem sentido e de onde as crianças fogem para encontrar-se com seus companheiros de idade, recurso espontâneo para evitar a esquizofrenia do apartamento”, sentenciava Lauro.

Para o professor Lauro, o fenômeno sociológico, entendido como a combinação de indivíduos para formarem estruturas sociais, nada mais é do que um fenômeno de combinação de novas formas de relações individuais. E como a socialização do desenvolvimento intelectual dos indivíduos que a compõem, o nível intelectual dos indivíduos também depende da socialização. 

“Em outras palavras, a evolução é simplesmente o resultado do trabalho da inteligência na organização do desorganizado, o que equivale dizer que a evolução é o esforço da neguentropia (organização) para vencer a entropia (desorganização), definia o professor.

Não é possível observar o ser humano fora das relações de interação. E, para o professor essas relações são nada mais, nada menos do que uma dinâmica de grupo. "Há, pois, uma razão epistemológica para considerar a psicologia individual uma microssociologia (Psicologia social)", definia. “Pode-se aprender dinâmica de grupo no que ele tem de tecnologia, sabendo-se que esta tecnologia tem por objetivo garantir a liberdade de opinar e influir no destino do grupo. Aprender, pois dinâmica de grupo é conquistar um mecanismo de evolução psicossociológica, como alguém, que se exercita em ginástica, adquire maiores possibilidades de ter uma boa atuação no jogo”, assim concluía o professor sobre a inserção dos indivíduos no processo de interação social.
Lauro sempre esteve nas escolas e cada vez que havia algum incômodo falava com os professores sobre modificar os métodos para o aluno interagir sempre. Presente a um evento em uma escola em Belo Horizonte e vendo crianças brincarem no escorrega sugeriu a professora que invertesse a ordem e fizessem as crianças subirem pelo lado que se escorregava e descessem na escada – a criança se superando -, que faria com que a criança, já habituada a um nível de equilíbrio desenvolvesse outro  nível – equilíbrio majorante: “Eis a aula toda pelo avesso e os alunos aprendendo a pensar e não a ouvir e decorar discursos...”, ria ele, vendo suas observações funcionarem.
Sua obra reflete um avanço nas descobertas pedagógicas. Apesar de haver algo de futurístico nelas - às vezes não se aplica na prática - são descobertas extremamente pertinentes à realidade, principalmente à brasileira. Seu afastamento do cenário pedagógico nacional foi ocasionado pelo golpe militar de primeiro de abril de 1964 e numa entrevista a um jornal de Goiânia, disse sem qualquer autopiedade: “Eu me sinto como um puro-sangue árabe, trancado na cocheira, vendo os ‘pangarés’ correndo no ‘derby’”.
Referencia: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0069_04.html

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