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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância.

Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

Cultivo da Antroposofia no Brasil: Quando começou?

Já na época de Steiner alguns imigrantes europeus trouxeram o estudo e cultivo da Antroposofia para o Brasil. Antes da 2a. guerra mundial, a Sra. Lavínia Viotti fez a primeira tradução de um dos livros básicos de Steiner, Como se Adquirem Conhecimentos dos Mundos Superiores. Em 1939 já havia Ramos da Sociedade em São Paulo, no Rio e em Porto Alegre. Todo o trabalho naquela época era feito ainda em alemão. Infelizmente, o grande desenvolvimento deu-se só em S.Paulo, que continua tendo a maioria dos antropósofos e a maioria das iniciativas no Brasil. Em S.Paulo havia grupos de estudo dirigidos por Tatiana Braunwieser e por Max Rüegger. Durante a guerra, com o receio de falar o proibido alemão, os grupos se dividiram em pequenos círculos de estudo. Um desses grupos reunia os casais Rudolf e Mariane Lanz, chegados ambos em 1939, Hans e Johanna Wolff, Hans e Melanie Schmidt (ele veio a fundar a fábrica Giroflex) e R.Nobiling (cuja irmã Elizabeth Nobiling, também antropósofa, notabilizou-se como pintora e foi a autora dos baixo-relevos da Torre do Relógio da USP, na Cidade Universitária, São Paulo).

Ao redor de 1950 houve várias visitas de Otto Julius Hartmann, professor da Universidade de Graz, Áustria, e que havia publicado bons livros de divulgação da Antroposofia. O Dr. Rudolf Lanz organizou várias palestras públicas do prof. Hartmann, o que trouxe a Antroposofia a público pela primeira vez no Brasil. Em 1954 Hartmann instalou-se com a família no Brasil por alguns anos (seu filho Friedwart foi aluno do autor destas linhas na Escola Politécnica da USP em 1965).
Depois da guerra chegaram a S.Paulo os casais de antropósofos Selma e Dirk Berkhout (este tornou-se o cônsul holandês), Ernst Mahle e esposa (pais do compositor Ernst Mahle, de Piracicaba) e ainda o Sr. Paulo Bromberg e sua esposa. A Sra. Melanie Schmidt tinha ligações com o movimento Waldorf na Alemanha, e como tentativas do prof. Hartmann de criar uma iniciativa de Pedagogia Curativa não tinha dado frutos, esse grupo de casais resolveu fundar uma Escola Waldorf. É interessante notar que a doação de trabalho e dinheiro desse grupo foi totalmente altruísta, pois nenhum deles tinha filhos em idade de usufruir a nova escola. O casal Berkhout colocou à disposição uma casa no bairro de Higienópolis, e a escola iniciou o seu funcionamento em 1956, com o nome sugestivo de Escola Higienópolis. A sua orientação pedagógica foi dada pelo casal alemão Karl e Ida Ulrich que vieram especialmente para isso e permaneceram junto à escola até o início da década de 1960. Poucos anos depois de sua fundação a escola mudou-se para o seu local amplo atual, na R. Job Lane 900, em Santo Amaro. No início da década de 1970 foi criado nela o primeiro colegial (ensino médio) Waldorf no Brasil, e em 1976 o então presidente da Sociedade Antroposófica Mundial Rudolf Grosse batizou-a de Escola Rudolf Steiner de São Paulo, que mudou posteriormente por circunstâncias externas para Escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo. Em 1970 Rudolf e Mariane Lanz (ver fotos acima) fundaram nessa escola o Seminário Pedagógico Waldorf, atualmente Centro de Formação de Professores Waldorf, que tem formado professores nessa pedagogia para o Brasil e para a América Latina, e teve seu reconhecimento oficial em 1997. (Veja a seção de Pedagogia Waldorf, onde há diretórios de escolas Waldorf e centros de formação e Pedagogia Waldorf na América Latina.)
Por meio do movimento pedagógico Waldorf a aplicação da Antroposofia irradiou-se para Bahia, Ceará, Goiás, Brasília, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Em 1957 houve uma visita do casal de médicos antroposóficos da Ita Wegman Klinik, em Arlesheim (ao lado de Dornach, sede do movimento antroposófico mundial), na Suíça, Alexander e Rita Leroi, que estabelecem os primeiros passos para a introdução, no Brasil, da medicina Antroposófica, da Weleda e da euritmia.
Em 1959 é fundada por Pedro Schmidt (foto), filho do citado casal Schmidt, a Weleda do Brasil, Laboratório e Farmácia, para fabricação de medicamentos empregados na medicina antroposófica, chás e cosméticos. Em 1960 é construído o seu primeiro laboratório, no terreno da Giroflex em São Paulo, que era dirigida por Pedro Schmidt. A direção da Weleda é assumida em 1964 pelo Sr. Friederich Müller (ver a sua biografia), que viria a falecer prematuramente em 1988. Em 1967 ela começou o plantio próprio de ervas medicinais. Em 1985 a Weleda constroi seu atual laboratório; hoje possui 7 farmácias na cidade de São Paulo e mais 8 em várias outras do país; seus produtos são vendidos em cerca de mil farmácias e receitados por cerca de 700 médicos. Veja também aseção de farmacêutica antroposófica).

Em 1985 os farmacêuticos Marilda e Flávio Milanese fundam o Centro de Pesquisas Farmacêuticas, que em colaboração com médicos antroposóficos tem desenvolvido novos medicamentos, inclusive a partir da flora nacional. Eles deram início em 1991 a cursos de farmacêutica antroposófica, naquela época realizados no Centro Paulus, e fundaram oLaboratório Sirimim, que produz medicamentos antroposóficos usando uma técnica diferente da Weleda.
Em 1969 Gudrun Schmidt, que desde 1956 atuava como a primeira médica antroposófica no Brasil, então casada com Pedro Schmidt, fundou com este a Clínica Tobias, a primeira clínica antroposófica nas Américas. Nesse ano de 1969 é comprado pela Dra. Gudrun o terreno na atual R. Regina Badra, onde iria se construir a clínica, cujo financiamento e construção foi feito por Pedro Schmidt; sua inauguração deu-se em 31/5/69. Nessa data é fundada a sua mantenedora, a Associação Beneficiente Tobias. Devido à clínica, que deixou de funcionar como hospital em 1993 (a partir de 1995 passa a receber pacientes-dia), o movimento médico teve um enorme desenvolvimento, iniciando com os cursos de Medicina Antroposófica dados na clínica por 7 anos a partir de 1976 pelo Dr. Otto Wolf, pela fundação da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica (hoje Associação Brasileira de Médicos Antroposóficos) em 1983, e pela instituição dos primeiros seminários de especialização em medicina antroposófica. Esses seminários são hoje mantidos pela ABMA, com 3 turmas regulares em S.Paulo, outra em Brasília, uma turma já formada em Salvador e outra iniciando no Rio de Janeiro. Os primeiros seminários médicos foram dados no Centro Paulus, em Parelheiros (subúrbio de S.Paulo), criado por iniciativa e orientação de Peter Schmidt e cuja construção começou em 1980. A Dra. Gudrun Burkhardt (ex-Schmidt) fundou em 1983 a Artemísia, iniciando no Brasil os trabalhos sobre desenvolvimento biográfico; em 1985 foram iniciadas as obras da sua sede ao lado do Centro Paulus, em Parelheiros, que infelizmente encerrou suas atividades em 2008. (Veja a seção de Medicina e Terapias Antroposóficas.)
Em Juiz de Fora vários médicos formaram o Terapeuticum Raphael e a Vivenda Santana, onde é praticada a medicina antroposófica.
Em 1975 Pedro Schmidt doou a maioria de suas ações da Giroflex para a Associação Beneficiente Tobias. Com isso a ABT pode começar a financiar várias iniciativas antroposóficas, e mantém-se até hoje. Até 1993 a ABT financiou suas próprias instituições, que então tornaram-se independentes. Hoje ela financia a Sociedade Antroposófica no Brasil e parte do movimento antroposófico.
Um marco importante foi a criação da Editora Antroposófica, em 1981, por Rudolf Lanz e Jacyra Cardoso, dirigida quase desde o início pela segunda, até 2007. Ela apareceu como evolução de um extenso trabalho de traduções do Sr. Lanz, que começaram a ser publicados internamente sob forma de livros em 1976 pela então Escola Rudolf Steiner. Em 1994 a Editora Antroposófica abre sua livraria à R. da Fraternidade, em São Paulo, ao lado de uma das farmácias da Weleda, para onde transfere sua atividade editorial. Graças à editora, estão publicados muitos dos principais livros e ciclos de palestras de Rudolf Steiner (num total de cerca de 25 obras) bem como obras de seus continuadores. A Editora já publicou 150 títulos. Grande parte das traduções deve-se ao imenso trabalho feito pelo Sr. Lanz, que em 1979 também escreveu um best seller, A Pedagogia Waldorf, editado naquela época pela Summus Editorial, agora na sua 6a. edição pela Editora. É também de sua autoria o livreto Noções Básicas de Antroposofia (Ed. Antroposófica; ver seu texto completo) que tem sido largamente usado como texto introdutório em cursos e por aqueles que desejam ter uma ideia inicial mas abrangente dos fundamentos da Antroposofia.
Não se deve deixar de mencionar que o Sr. Frederico Müller (não cofundir com Sr Friedrich Müller, que foi o diretor da Weleda do Brasil), que morava no Rio de Janeiro, também fez traduções de obras de Steiner e fundou inúmeros grupos de estudo. Para ficar o mais próximo possível do original de Steiner, o Sr. Müller criou uma linguagem própria, aportuguesando certas palavras em alemão (como por exemplo 'Wesendade', para Wesenheit, que significa entidade enquanto ser, essência), mantendo a estrutura gramatical dessa língua, escrevendo os substantivos com iniciais maiúsculas (como se faz em alemão) e usando a antiga grafia do vernáculo. De fato, suas traduções são as mais próximas do original alemão, exigindo de quem as lê um período de adaptação com a estrutura gramatical e aprendizado das palavras aportuguesadas, e que se pense dentro da estrutura da língua alemã e portanto fora do espírito da língua portuguesa corrente.
agricultura biodinâmica iniciou suas atividades no Brasil em 1973 por iniciativa de Joachim e Peter Schmidt através da Estância Demétria em Botucatu, que foi apoiada até 1993 pela Associação Beneficiente Tobias. Infelizmente não houve uma expansão tão grande da agricultura biodinâmica como era de se esperar em um país com tanta produção agrícola como o Brasil. O Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural, ao lado da Demétria, fundado em 1984 por Alexandre Hárkaly e Marco Bertalot, faz pesquisas sobre agricultura biodinâmica, organiza inúmeros cursos sobre o tema em sua Casa Somé, surgida em 1988, e fornece certificação de produtos orgânicos e biodinâmicos, hoje encontrados até em supermercados. Em 1974 Valdemar Setzer, juntamente com Sonia Setzer, Luis Albim e Beatriz Guerreiro funda e mantém até 1979 em São Paulo a Natura - Comércio de Produtos Naturais Ltda., com a finalidade de escoar os produtos da Estância Demétria e introduzir no Brasil uma consciência para produtos orgânicos, biodinâmicos e naturais em geral (aliás, é por causa do nome dessa loja que foi introduzida em português a expressão "Produtos Naturais", que começou a ser empregada em outras lojas um ano depois, e passou a ser de uso popular).
O impulso da Pedagogia Social foi trazido em 1972 pelo holandês Dr. Lex Bos, inicialmente convidado por Peter Schmidt, e que passou a visitar o país regularmente durante nosso verão, dando inúmeros cursos, principalmente no Centro Paulus. Vários de seus livros estão publicados em nossa língua. Devido a essa iniciativa foram formadas várias instituições que dão consultoria em organização empresarial, como a Adigo Consultores e o Instituto Christophorus de Desenvolvimento Organizacional.
Em 1970 Ute Craemer (foto) veio ao Brasil, para ser professora de classe na então Escola Rudolf Steiner, onde permaneceu até 1979. Ela havia trabalhado em 1965-66 no Paraná em um programa de auxílio da Alemanha para desenvolvimento de saneamento básico em favelas. Sentindo que sua tarefa de vida estava ligada ao trágico destino dos moradores de favelas brasileiras, começou em 1975 um trabalho social, envolvendo alunos daquela escola, na Favela Monte Azul (que fica ao lado do Terminal João Dias e do Centro Empresarial, em São Paulo ). Seu trabalho, totalmente inspirado na Pedagogia Waldorf e na Antroposofia, provocou uma evolução extraordinária na favela, impulsionada pela criação, em 1979, da Associação Comunitária Monte Azul (ver sua página neste site) para desviar para sua página, com fotos, caledário de eventos, etc.). Através do trabalho de Ute e colaboradores, a favela foi quase que totalmente saneada (falta só canalizar o córrego) e foram instituídas creche, jardim de infância, pré-escola e escola complementar com orientação Waldorf, marcenaria, tecelagem, serviço de reciclagem de papel, oficina de construção de bonecas de pano, padaria, oficina elétrica, oficina de reciclagem de móveis, ambulatório médico (com médicos antroposóficos), tratamento pré- e pós parto, "casa" de partos, ambulatório dentário, massagem, aconselhamento psicológico, e grupos de teatro, música e dança. Esse trabalho social irradiou-se também para a favela Peninha e o bairro Horizonte Azul, atingindo cerca de 15.000 pessoas. Seu trabalho foi divulgado na Alemanha com a publicação de livros de Ute de enorme sucesso pela editora antroposófica Verlag Freies Geitesleben. Em 2011 ela foi agraciada com o título de "Cidadã Paulistana" pela Câmara de Vereadores de São Paulo.

Há alguns anos um dos estagiários internacionais da Favela Monte Azul, um jovem americano, procurou o autor destas linhas em seu escritório na USP. Nessa ocasião ele disse: "O único lugar em São Paulo onde me sinto seguro é a favela." Em nossa opinião, o resultado mais importante do gigantesco trabalho social dirigido por Ute Craemer, único no mundo, pode ser resumido em uma constatação: é possível dar dignidade ao moradores de favelas e elevar seu padrão de vida se os aspectos cultural e espiritual forem tratados em paralelo com o atendimento das necessidades físicas básicas.
Em São Paulo foi fundado o Centro de Artes, onde são dados cursos de arte segundo princípios antroposóficos, e onde foi instituído o primeiro curso de Euritmia na América Latina. Os cursos de artes começaram em 1992 no Centro Paulus.
Fonte: http://www.sab.org.br/portal/antroposofia2/no-brasil



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