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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância.

Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

Copa deixa você mais pobre e mais feliz ou seria mais bobo?



Copa deixa você mais pobre... e mais feliz !

Quando um país recebe o mundial, os ganhos não cobrem os gastos com estádios. Mas o grau de felicidade da população aumenta. E isso também pode ser medido em números

por Simon Kuper*
No dia em que a África do Sul ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo, em 2004, o bairro negro do Soweto, em Johanesburgo, gritou: "A grana está vindo!" Eles estavam expressando algo que os brasileiros devem ter ouvido: que sediar uma copa traz dinheiro. Em qualquer lugar que se candidate a umaCopa do Mundo, políticos tecem loas à "bonança econômica". Falam das hordas de turistas prontos para gastar os tubos, da propaganda gratuita para as cidades-sede, dos benefícios de longo prazo que as estradas e os estádios a ser construídos vão trazer. Não surpreende que o Brasil tenha querido tanto acopa.

Mas esse argumento econômico é uma enganação. Os brasileiros vão descobrir logo. E os sul-africanos já o fizeram: a conta pela construção de estádios, em US$ 1,7 bilhão, já é 6 vezes maior que as estimativas iniciais; a quantidade de turistas esperados é bem menor que a prometida e a Fifa não vai deixar os sul-africanos pobres vender suas salsichas do lado de fora dos estádios. Que fique claro: uma copa não deixa o país mais rico.

Tipicamente, um país prestes a receber um mundial paga para que economistas-fantoches publiquem estudos dizendo que a copa vai impulsionar a economia. Já a maioria dos economistas de verdade - pagos por universidades para escrever sobre o que realmente acreditam - pensa o inverso. E faz as perguntas que os promotores de novos estádios não gostam: de onde veem os trabalhadores temporários que vão participar dessas construções? Eles não tinham emprego antes? Isso não vai deixar outras áreas com menos trabalhadores experientes? E tem mais.

Gastar com uma copa significa menos hospitais e escolas. Pior: estádios novos quase nunca produzem os benefícios prometidos. A maior parte acaba usada poucas vezes por ano. É preciso que fique claro o que significam os gastos públicos com a construção e a reforma de estádios. Trata-se de uma transferência. Benefícios que iriam para o contribuinte vão para os clubes (que ganham arenas e reformas de graça) e os torcedores (que aproveitam as casas novas ou renovadas de seus times). Depois que o contribuinte pagou por estádios melhores, provavelmente mais pessoas vão querer ver jogos neles. O Brasil pós-2014 deve testemunhar o mesmo que aconteceu na Inglaterra após a melhoria dos estádios no começo dos anos 90: a chegada de mais torcedores de classe média, de mulheres, e públicos maiores nos jogos. É verdade que a Inglaterra é mais rica que o Brasil e pôde bancar isso. Mas o Brasil hoje é mais rico que os estádios dilapidados que tem.

O preço da felicidade

Se o público do futebol crescer após 2014, porém, isso não vai significar um impulso na economia. Só uma transferência da riqueza brasileira como um todo para o futebol brasileiro. Mas o país ganha um belo extra: felicidade. O economista britânico Stefan Szymanski e seu colega Georgios Kavetsos pesquisaram dados de felicidade da população na Europa Ocidental entre 1974 e 2004, com questionários que buscam tabular isso em números, e descobriram que, depois que um país recebe um torneio como o mundial ou a Eurocopa, seus habitantes se declaram mais felizes.

O salto de felicidade é grande. O europeu médio reporta um grau de felicidade duas vezes maior por seu país ter sediado uma grande competição do que por ter feito curso superior. Para ter o mesmo impulso no grau de felicidade, só se a pessoa recebesse um grande aumento de salário. E esse ganho persiste: 4 anos depois de uma copa, cada grupo de indivíduos pesquisados estava maisfeliz do que antes do torneio.

A razão disso, ao que parece, é que sediar um mundial faz com que os habitantes sintam-se mais conectados uns aos outros. Uma copa faz isso mais do que qualquer outro projeto que possa existir nas sociedades modernas. Além disso, a nação anfitriã provavelmente ganha em autoestima pelo fato de ter organizado o torneio.

Dá para argumentar que o Brasil tem coisas mais urgentes. Da mesma forma que os sul-africanos, os brasileiros podem perguntar quantas casas ganhariam sa-neamento básico com o dinheiro público que irá para a construção de estádios. E serão R$ 5 bilhões, quase 3 vezes mais do que o previsto em 2007, quando o Brasil ganhou a disputa para virar sede.

O mais importante, porém, é entender qual é o propósito de uma copa. Se é para a felicidade geral da nação, faz sentido, sim, organizar a maior festa do mundo (e ninguém é melhor nesse quesito do que vocês, brasileiros). Só não esperem ganhar dinheiro com essa festa.


* Colunista do Financial Times e autor do livro Soccernomics (editora Tinta Negra, 2010), que será lançado em junho.
Revista Super interessante ed 279 junho de 2010

Copa deixa você mais pobre e mais feliz ou seria mais bobo?



Copa deixa você mais pobre... e mais feliz !

Quando um país recebe o mundial, os ganhos não cobrem os gastos com estádios. Mas o grau de felicidade da população aumenta. E isso também pode ser medido em números

por Simon Kuper*
No dia em que a África do Sul ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo, em 2004, o bairro negro do Soweto, em Johanesburgo, gritou: "A grana está vindo!" Eles estavam expressando algo que os brasileiros devem ter ouvido: que sediar uma copa traz dinheiro. Em qualquer lugar que se candidate a umaCopa do Mundo, políticos tecem loas à "bonança econômica". Falam das hordas de turistas prontos para gastar os tubos, da propaganda gratuita para as cidades-sede, dos benefícios de longo prazo que as estradas e os estádios a ser construídos vão trazer. Não surpreende que o Brasil tenha querido tanto acopa.

Mas esse argumento econômico é uma enganação. Os brasileiros vão descobrir logo. E os sul-africanos já o fizeram: a conta pela construção de estádios, em US$ 1,7 bilhão, já é 6 vezes maior que as estimativas iniciais; a quantidade de turistas esperados é bem menor que a prometida e a Fifa não vai deixar os sul-africanos pobres vender suas salsichas do lado de fora dos estádios. Que fique claro: uma copa não deixa o país mais rico.

Tipicamente, um país prestes a receber um mundial paga para que economistas-fantoches publiquem estudos dizendo que a copa vai impulsionar a economia. Já a maioria dos economistas de verdade - pagos por universidades para escrever sobre o que realmente acreditam - pensa o inverso. E faz as perguntas que os promotores de novos estádios não gostam: de onde veem os trabalhadores temporários que vão participar dessas construções? Eles não tinham emprego antes? Isso não vai deixar outras áreas com menos trabalhadores experientes? E tem mais.

Gastar com uma copa significa menos hospitais e escolas. Pior: estádios novos quase nunca produzem os benefícios prometidos. A maior parte acaba usada poucas vezes por ano. É preciso que fique claro o que significam os gastos públicos com a construção e a reforma de estádios. Trata-se de uma transferência. Benefícios que iriam para o contribuinte vão para os clubes (que ganham arenas e reformas de graça) e os torcedores (que aproveitam as casas novas ou renovadas de seus times). Depois que o contribuinte pagou por estádios melhores, provavelmente mais pessoas vão querer ver jogos neles. O Brasil pós-2014 deve testemunhar o mesmo que aconteceu na Inglaterra após a melhoria dos estádios no começo dos anos 90: a chegada de mais torcedores de classe média, de mulheres, e públicos maiores nos jogos. É verdade que a Inglaterra é mais rica que o Brasil e pôde bancar isso. Mas o Brasil hoje é mais rico que os estádios dilapidados que tem.

O preço da felicidade

Se o público do futebol crescer após 2014, porém, isso não vai significar um impulso na economia. Só uma transferência da riqueza brasileira como um todo para o futebol brasileiro. Mas o país ganha um belo extra: felicidade. O economista britânico Stefan Szymanski e seu colega Georgios Kavetsos pesquisaram dados de felicidade da população na Europa Ocidental entre 1974 e 2004, com questionários que buscam tabular isso em números, e descobriram que, depois que um país recebe um torneio como o mundial ou a Eurocopa, seus habitantes se declaram mais felizes.

O salto de felicidade é grande. O europeu médio reporta um grau de felicidade duas vezes maior por seu país ter sediado uma grande competição do que por ter feito curso superior. Para ter o mesmo impulso no grau de felicidade, só se a pessoa recebesse um grande aumento de salário. E esse ganho persiste: 4 anos depois de uma copa, cada grupo de indivíduos pesquisados estava maisfeliz do que antes do torneio.

A razão disso, ao que parece, é que sediar um mundial faz com que os habitantes sintam-se mais conectados uns aos outros. Uma copa faz isso mais do que qualquer outro projeto que possa existir nas sociedades modernas. Além disso, a nação anfitriã provavelmente ganha em autoestima pelo fato de ter organizado o torneio.

Dá para argumentar que o Brasil tem coisas mais urgentes. Da mesma forma que os sul-africanos, os brasileiros podem perguntar quantas casas ganhariam sa-neamento básico com o dinheiro público que irá para a construção de estádios. E serão R$ 5 bilhões, quase 3 vezes mais do que o previsto em 2007, quando o Brasil ganhou a disputa para virar sede.

O mais importante, porém, é entender qual é o propósito de uma copa. Se é para a felicidade geral da nação, faz sentido, sim, organizar a maior festa do mundo (e ninguém é melhor nesse quesito do que vocês, brasileiros). Só não esperem ganhar dinheiro com essa festa.


* Colunista do Financial Times e autor do livro Soccernomics (editora Tinta Negra, 2010), que será lançado em junho.
Revista Super interessante ed 279 junho de 2010

http://patatitralala.blogspot.com/

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Você sabe o que seu filho vê?



A Mídia na Vida Diária

Da mesma forma que a invenção da imprensa em meados do século XV modificou profundamente a sociedade e a história, assim também as mudanças fenomenológicas na tecnologia de comunicações do século XX estão alterando a sociedade à medida que nos aproximamos do novo milênio. A Era Industrial está rapidamente dando lugar à Era da Informação. O rápido desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, ao longo do século XX, modificou a forma como vivemos e a forma como nossos filhos aprendem a passar seu tempo. Talvez a mudança mais revolucionária para as famílias e as crianças tenha sido a invenção de um poderosíssimo professor eletrônico: a televisão.
A televisão não é apenas onipresente, mas também ocupa um papel proeminente na vida das crianças. A criança média norte-americana passa aproximadamente 28 horas por semana assistindo televisão. No período de um ano, as crianças norte-americanas em idade escolar passam duas vezes mais tempo assistindo TV do que na sala de aula. O tempo gasto em frente ao televisor ou tela de vídeo corresponde à maior parcela de tempo investida desde o despertar da vida de uma criança norte-americana. Para muitas famílias, a televisão é parte da sua formação. A família norte-americana média tem o televisor ligado durante sete horas por dia. Sessenta por cento das famílias têm o televisor ligado durante as refeições. Os pais muito ocupados podem utilizar a televisão como uma babá.
As crianças passam hoje mais tempo aprendendo sobre a vida na mídia do que em qualquer outra forma. A mídia eletrônica é um professor notável para a juventude de hoje, bem como a atrai fortemente. A combinação de informações visuais com auditivas faz a televisão, os vídeos e os vídeo games e computadores muito mais atraentes do que outros meios de comunicação de massa, tais como os livros.
As décadas recentes trouxeram mudanças adicionais. A TV a cabo, videocassetes, vídeo games interativos e computadores pessoais apareceram, cada vez mais, nos lares. Essas invenções não apenas afetaram a quantidade de tempo gasto pelas crianças em frente a uma tela, como também fizeram mudanças significativas no que elas estão assistindo. Os videocassetes, por exemplo, permitem que as crianças assistam filmes e a programação veiculada tarde da noite, a qual não está direcionada para elas. A TV a cabo e a Internet expandiram amplamente o número de opções e forneceram acesso ao entretenimento adulto. Isto gera um desenvolvimento precoce da sexualidade dentre outras coisas.
Há uma correlação inversa entre o status sócio-econômico e o tempo de permanência frente ao televisor: quanto mais baixa a renda familiar maior o tempo gasto pelas crianças daquela família assistindo TV.

Apesar das múltiplas causas da violência, a exibição de violência na mídia tem efeitos inequívocos. Há correlações significativas entre a freqüente exposição à violência na televisão e o comportamento agressivo, e as evidências indicam claramente que o último é uma conseqüência da primeira.

Abaixo alguns conselhos para os pais:

1.   Fique alerta para os programas que seus filhos assistem. Estas sugestões são importantes para todas as crianças, principalmente para as mais jovens: quanto mais jovem a criança, mais impressionável ela é.
2.   Evite usar a televisão, vídeos ou video games como se fossem uma babá. Pode ser conveniente para pais muito ocupados, mas pode acabar se tornando um padrão usual se utilizar a mídia para entretenimento e diversão. Simplesmente desligar os aparelhos não é, nem de longe, tão eficaz como planejar alguma outra atividade divertida para a família.
3.   Limite o uso da mídia. O uso da televisão deve ser limitado a não mais de uma ou duas horas de boa qualidade por dia. Estabeleça também limites de acordo com a situação: nada de televisão ou video games antes da aula, durante o dia, na hora das refeições ou antes que o tema de casa esteja feito.
4.   Mantenha aparelhos de TV e de video games fora dos quartos dos seus filhos. Colocá-los lá encoraja o uso e diminui a capacidade de controle.
5.   Desligue o televisor durante as refeições. Utilize esse tempo para conversar e manter contatos familiares.
6.   Ligue a TV somente quando houver algo específico que você decidiu que vale a pena assistir. Não ligue a TV para ver se está passando alguma coisa. Decida com antecedência se vale a pena assistir o programa. Identifique programas de alta qualidade, utilizando avaliações ao selecioná-los.
7.   Não transforme a TV no ponto central da casa. Evite colocar a TV no lugar mais importante. As famílias assistirão menos TV ou jogarão menos vídeo se os aparelhos não estiverem literalmente situados no centro de suas vidas.
8.   Assista o programa que seus filhos estiverem assistindo. Isso permitirá a você saber o que eles estão assistindo e lhe dará uma oportunidade de discuti-lo com eles. Seja ativo: fale e faça conexões com seus filhos enquanto assistem o programa.
9.   Tome cuidado especial ao assistir programas antes de ir dormir. Imagens que provocam emoção podem perdurar e atrapalhar o sono.
10.       Informe-se sobre os filmes que estão passando e sobre os vídeos disponíveis para venda ou aluguel. Seja explícito com seus filhos sobre suas diretrizes quanto a filmes apropriados e analise, antecipadamente, as escolhas de filmes propostos.
11.       Torne-se um alfabetizado em mídia. Isso significa aprender a avaliar criticamente as ofertas da mídia. Primeiro aprenda você e depois ensine a seus filhos. Aprenda sobre publicidade e ensine seus filhos a respeito de sua influência nos meios de comunicação que eles usam.
12.       Limite sua própria permanência frente à televisão. Dê um bom exemplo através de sua moderação e discriminação ao assistir programas. Seja cuidadoso quando as crianças estiverem por perto e possam observar seu programa.
13.       Faça-se ouvir. Todos necessitamos elevar nossas vozes de tal forma que sejamos ouvidos por quem toma as decisões sobre a programação e por seus patrocinadores. É necessário que insistamos numa melhor programação para nossos filhos.
14.       Uma expressão popular muito utilizada diz: um exemplo vale por mil palavras. Se considerarmos que a imagem é também um exemplo, podemos, por analogia, fazer a mesma afirmação.
Os educadores, talvez mais do que outros profissionais, sabem o poder didático que qualquer imagem tem e se utilizam deste recurso com grande freqüência, pode-se dizer, até, diariamente. A imagem tem o poder de criar e recriar a realidade.
Vamos refletir sobre isto e fazer valer nossa condição de pais educadores e construtores de uma nação mais crítica e reflexiva.
Danubia Rocha  
Baseado no livro:A televisão e a violência de (Maria Beatriz Gomes da Silva)

Você sabe o que seu filho vê?



A Mídia na Vida Diária

Da mesma forma que a invenção da imprensa em meados do século XV modificou profundamente a sociedade e a história, assim também as mudanças fenomenológicas na tecnologia de comunicações do século XX estão alterando a sociedade à medida que nos aproximamos do novo milênio. A Era Industrial está rapidamente dando lugar à Era da Informação. O rápido desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, ao longo do século XX, modificou a forma como vivemos e a forma como nossos filhos aprendem a passar seu tempo. Talvez a mudança mais revolucionária para as famílias e as crianças tenha sido a invenção de um poderosíssimo professor eletrônico: a televisão.
A televisão não é apenas onipresente, mas também ocupa um papel proeminente na vida das crianças. A criança média norte-americana passa aproximadamente 28 horas por semana assistindo televisão. No período de um ano, as crianças norte-americanas em idade escolar passam duas vezes mais tempo assistindo TV do que na sala de aula. O tempo gasto em frente ao televisor ou tela de vídeo corresponde à maior parcela de tempo investida desde o despertar da vida de uma criança norte-americana. Para muitas famílias, a televisão é parte da sua formação. A família norte-americana média tem o televisor ligado durante sete horas por dia. Sessenta por cento das famílias têm o televisor ligado durante as refeições. Os pais muito ocupados podem utilizar a televisão como uma babá.
As crianças passam hoje mais tempo aprendendo sobre a vida na mídia do que em qualquer outra forma. A mídia eletrônica é um professor notável para a juventude de hoje, bem como a atrai fortemente. A combinação de informações visuais com auditivas faz a televisão, os vídeos e os vídeo games e computadores muito mais atraentes do que outros meios de comunicação de massa, tais como os livros.
As décadas recentes trouxeram mudanças adicionais. A TV a cabo, videocassetes, vídeo games interativos e computadores pessoais apareceram, cada vez mais, nos lares. Essas invenções não apenas afetaram a quantidade de tempo gasto pelas crianças em frente a uma tela, como também fizeram mudanças significativas no que elas estão assistindo. Os videocassetes, por exemplo, permitem que as crianças assistam filmes e a programação veiculada tarde da noite, a qual não está direcionada para elas. A TV a cabo e a Internet expandiram amplamente o número de opções e forneceram acesso ao entretenimento adulto. Isto gera um desenvolvimento precoce da sexualidade dentre outras coisas.
Há uma correlação inversa entre o status sócio-econômico e o tempo de permanência frente ao televisor: quanto mais baixa a renda familiar maior o tempo gasto pelas crianças daquela família assistindo TV.

Apesar das múltiplas causas da violência, a exibição de violência na mídia tem efeitos inequívocos. Há correlações significativas entre a freqüente exposição à violência na televisão e o comportamento agressivo, e as evidências indicam claramente que o último é uma conseqüência da primeira.

Abaixo alguns conselhos para os pais:

1.   Fique alerta para os programas que seus filhos assistem. Estas sugestões são importantes para todas as crianças, principalmente para as mais jovens: quanto mais jovem a criança, mais impressionável ela é.
2.   Evite usar a televisão, vídeos ou video games como se fossem uma babá. Pode ser conveniente para pais muito ocupados, mas pode acabar se tornando um padrão usual se utilizar a mídia para entretenimento e diversão. Simplesmente desligar os aparelhos não é, nem de longe, tão eficaz como planejar alguma outra atividade divertida para a família.
3.   Limite o uso da mídia. O uso da televisão deve ser limitado a não mais de uma ou duas horas de boa qualidade por dia. Estabeleça também limites de acordo com a situação: nada de televisão ou video games antes da aula, durante o dia, na hora das refeições ou antes que o tema de casa esteja feito.
4.   Mantenha aparelhos de TV e de video games fora dos quartos dos seus filhos. Colocá-los lá encoraja o uso e diminui a capacidade de controle.
5.   Desligue o televisor durante as refeições. Utilize esse tempo para conversar e manter contatos familiares.
6.   Ligue a TV somente quando houver algo específico que você decidiu que vale a pena assistir. Não ligue a TV para ver se está passando alguma coisa. Decida com antecedência se vale a pena assistir o programa. Identifique programas de alta qualidade, utilizando avaliações ao selecioná-los.
7.   Não transforme a TV no ponto central da casa. Evite colocar a TV no lugar mais importante. As famílias assistirão menos TV ou jogarão menos vídeo se os aparelhos não estiverem literalmente situados no centro de suas vidas.
8.   Assista o programa que seus filhos estiverem assistindo. Isso permitirá a você saber o que eles estão assistindo e lhe dará uma oportunidade de discuti-lo com eles. Seja ativo: fale e faça conexões com seus filhos enquanto assistem o programa.
9.   Tome cuidado especial ao assistir programas antes de ir dormir. Imagens que provocam emoção podem perdurar e atrapalhar o sono.
10.       Informe-se sobre os filmes que estão passando e sobre os vídeos disponíveis para venda ou aluguel. Seja explícito com seus filhos sobre suas diretrizes quanto a filmes apropriados e analise, antecipadamente, as escolhas de filmes propostos.
11.       Torne-se um alfabetizado em mídia. Isso significa aprender a avaliar criticamente as ofertas da mídia. Primeiro aprenda você e depois ensine a seus filhos. Aprenda sobre publicidade e ensine seus filhos a respeito de sua influência nos meios de comunicação que eles usam.
12.       Limite sua própria permanência frente à televisão. Dê um bom exemplo através de sua moderação e discriminação ao assistir programas. Seja cuidadoso quando as crianças estiverem por perto e possam observar seu programa.
13.       Faça-se ouvir. Todos necessitamos elevar nossas vozes de tal forma que sejamos ouvidos por quem toma as decisões sobre a programação e por seus patrocinadores. É necessário que insistamos numa melhor programação para nossos filhos.
14.       Uma expressão popular muito utilizada diz: um exemplo vale por mil palavras. Se considerarmos que a imagem é também um exemplo, podemos, por analogia, fazer a mesma afirmação.
Os educadores, talvez mais do que outros profissionais, sabem o poder didático que qualquer imagem tem e se utilizam deste recurso com grande freqüência, pode-se dizer, até, diariamente. A imagem tem o poder de criar e recriar a realidade.
Vamos refletir sobre isto e fazer valer nossa condição de pais educadores e construtores de uma nação mais crítica e reflexiva.
Danubia Rocha  
Baseado no livro:A televisão e a violência de (Maria Beatriz Gomes da Silva)


"A escola mata a criatividade"



Consultor de governos europeus, o professor inglês diz que o sistema educacional inibe as habilidades pessoais. E que nem todos precisam ir à universidade.         Patrícia Diguê
O mundo se divide em duas categorias de pessoas: aquelas que dividem o mundo em duas categorias e aquelas que não.” Arrancando gargalhadas do público de suas conferências, o especialista em educação e criatividade britânico Ken Robinson, 50 anos, questiona por que a maioria das pessoas passa a vida odiando o que faz, “apenas esperando pelo final de semana”, enquanto outras conseguem descobrir seu “elemento-chave”, termo criado por ele que significa a junção do que se faz bem com o que se ama fazer. Robinson conclama o mundo para uma revolução na educação, criando nas escolas um ambiente propício para que os talentos floresçam. Em sua opinião, aquele que não está preparado para errar jamais fará algo de original.
"A maioria das pessoas leva a vida sem nenhum prazer no que faz.Apenas toca a vida, esperando pelo sábado e o domingo"

“O atual sistema educacional mata a criatividade”, afirma. “As escolas estão obcecadas em colocar os alunos na universidade”, diz. Professor emérito da Universidade de Warwick, na Inglaterra, Robinson foi consultor de governos europeus, asiáticos e americano. Na Grã-Bretanha, elaborou para o primeiro-ministro Tony Blair (1997-2007) relatórios de estratégias sobre criatividade, cultura e educação e participou do processo de paz da Irlanda do Norte nos anos 90. Alcançou o grande público com seus livros, que defendem a bandeira do talento e da criatividade. Ele já publicou três best sellers traduzidos para mais de 15 idiomas, mas apenas o terceiro, o recém-lançado “O Elemento-Chave” (Ediouro), está disponível para os brasileiros. Sua popularidade aumentou ainda mais depois que suas conferências foram colocadas no prestigioso site TED, palco de palestras de grandes lideranças mundiais.

"As crianças vivem em um mundo digitalizado e nossa educação é do século passado.
Falhamos em conectar os estudantes aos seus talentos"


ISTOÉ -
O que significa elemento-chave?
KEN ROBINSON -
É o que uma pessoa faz naturalmente bem, se divertindo e se sentindo confortável. Pode ser qualquer coisa, como tocar guitarra ou ser bom em matemática. Mas encontrar seu elemento-chave não é somente fazer algo muito bem, porque há muitas pessoas que são boas no que fazem. É também amar o que se faz. Se você gosta daquilo que faz bem, efetivamente está em seu elemento.  Mas a maioria das pessoas não tem esse sentimento quando pensa no trabalho delas. Elas levam a vida sem nenhum prazer no que fazem. Frequentemente, não estão fazendo a coisa certa – e não sabem qual é a coisa certa. Então apenas tocam a vida, sem nenhum sentido.

ISTOÉ -
Como fazer, então, para identificar o que você gosta realmente de fazer?
KEN ROBINSON -
Uma das formas de perceber se você está em seu elemento é analisar, por exemplo, seu senso de tempo. Se você faz alguma coisa de que gosta, uma hora pode passar em cinco minutos. E o contrário também é verdadeiro. Se você faz alguma coisa de que não gosta, cinco minutos se tornam uma hora e você passa a semana apenas esperando pelo sábado e o domingo. Além disso, se a pessoa faz o que gosta, no fim de semana se sente fisicamente cansado, mas não espiritualmente. Se perguntar por que essas pessoas não fariam outra coisa, não vão nem entender o que você quer dizer, vão dizer que o que elas fazem na vida é o que amam fazer, não se imaginam fazendo outra coisa e não querem mudar.
ISTOÉ -
Mas há algum tipo de passo a passo?
KEN ROBINSON -
A primeira lição é acreditar que todos nós temos talentos naturais e habilidades reais. Mais do que isso, temos o direito de descobrir e explorar isso. É preciso ter fé em nós mesmos. Uma recomendação é a pessoa gastar um tempo consigo mesma, para pensar o que ela realmente gosta de fazer e o que teria prazer de fazer para a vida toda. Depois que descobrir, é preciso estar disposta a arriscar, aproveitar e explorar essas oportunidades e talentos, tentando várias coisas diferentes, se deixando sentir tolo às vezes, sabendo lidar com críticas e enfrentando os próprios medos.
ISTOÉ -
Existe uma idade certa para isso?
KEN ROBINSON -
A pessoa pode descobrir seu talento em qualquer idade. Conheço pessoas que encontraram seu elemento-chave quando já não eram mais jovens. Semanas atrás, por exemplo, estava conversando com uma senhora de 50 anos que disse que achava que era muito tarde para ela, pois sua grande vontade era dançar balé. Eu disse que provavelmente era realmente tarde para ela ser a dançarina principal do Ballet Bolshoi e perguntei qual era o aspecto do balé de que ela gostava, porque se tivesse a ver com ser capaz de mover o corpo com a música, então por que não experimentava outros tipos de dança? Há muitos outros tipos de dança que ela poderia experimentar. Outro exemplo é uma tataravó que conheço que resolveu estudar direito e acabou de terminar o curso. Antes, ela não podia, estava criando uma família.
ISTOÉ -
Garimpar seus talentos e habilidades é uma questão de sorte?
KEN ROBINSON -
Geralmente, quem está em seu elemento diz isso: que teve muita sorte. Mas esses “sortudos” tiveram atitudes diferentes na vida, em comparação aos insatisfeitos. Claro que os primeiros tiveram oportunidades e circunstâncias para tirar proveito, mas ainda assim correram riscos e desejaram tentar algo diferente. Estiveram abertos às oportunidades e enfrentaram a forte oposição de parentes e amigos, que achavam que o que eles faziam não era usual. Souberam lidar com as críticas.
ISTOÉ -
As pessoas podem ter mais de um talento?
KEN ROBINSON -
Sim, se elas se sentem igualmente propensas a fazer coisas diferentes, não há regras para isso. Além do que, o elemento-chave pode mudar de tempos em tempos: num momento nos sentimos bons em algo e depois em outra coisa. Isso tudo tem a ver com energia, nossas vidas não passam de energia. Precisamos conectar nossas energias às nossas paixões e fazer coisas que tenham significado e propósito. Isso não é novo, é encontrado fortemente em diversas tradições que respeitam a parte espiritual e a energia.
ISTOÉ -
Por que a maioria das pessoas acha que não tem talento?
KEN ROBINSON -
A principal causa é a educação. Nosso sistema de educação formal tem 200 anos e durante esse tempo falhamos em conectar os estudantes aos seus talentos. A escola mata a criatividade. Fazemos um uso pobre dos nossos talentos. O sistema é obcecado com as habilidades acadêmicas, em levar os alunos para a faculdade. Nem todo mundo precisa ir para a universidade, nem todo mundo precisa ir na mesma época da vida. Conversei com um rapaz que é bombeiro e ele disse que sempre quis ser bombeiro, desde criança, mas não era levado a sério porque costumam achar que todo garoto sonha em ser bombeiro. E ele ouvia de um professor que iria desperdiçar seu talento. Mais tarde, ele salvou a vida deste professor. Ou seja, as comunidades dependem da diversidade de talentos, não de uma só concepção.
ISTOÉ -
O que há de errado com nosso sistema educacional?
KEN ROBINSON -
Somos formados por um sistema educacional fast-food, em que tudo é padronizado, industrializado. Temos de mudar isso para uma educação manufaturada, orgânica. E aprender que o florescimento humano não é um processo linear e mecânico, mas orgânico. A educação precisa ser customizada para diferentes circunstâncias e personalizada. É preciso criar um sistema em que as pessoas busquem suas próprias respostas.
ISTOÉ -
O sr. pode dar algum exemplo concreto?
KEN ROBINSON -
As escolas gastam muito tempo com matemática, por exemplo, mas há muito pouco de arte, que, para mim, é fundamental em nossas vidas. As artes visuais e a dança são expressões dos sentimentos humanos, da nossa cultura, mas nas escolas são deixadas de lado, ou pior, até ignoradas. As escolas são obcecadas com um tipo específico de talento e acabam ignorando os outros. Desde a minha juventude, estive cercado de pessoas que me pareciam extremamente talentosas, divertidas e interessantes, mas que estavam profundamente frustradas e pensavam que não tinham nenhum talento, não acreditavam que poderiam conquistar algum respeito. Ao mesmo tempo, também conheci outras que alcançaram muitas coisas. Sempre achei que a educação era a solução para isso.
ISTOÉ -
Como é possível mudar essa situação?
KEN ROBINSON -
É preciso tornar a educação mais pessoal, em vez de linear. A vida não é linear. Embora isso seja difícil, não há outra alternativa. Se quisermos encorajar as pessoas a pensar, temos que encorajá-las a ser aventureiras e a não ter medo de cometer erros. Ao longo da vida, os indivíduos vão se tornando mais conscientes e constrangidos e ficam com medo de cometer erros, porque passam por situações em que dão respostas erradas, se sentem estúpidos e não gostam deste sentimento. É preciso criar uma atmosfera, tanto na escola quanto no trabalho, em que não há problema em estar errado.
ISTOÉ -
O sr. é a favor de uma grande reforma escolar?
KEN ROBINSON -
Muitos sistemas educacionais pelo mundo estão sendo reformados. Mas reformar é inútil agora. Precisamos de uma revolução na educação, transformá-la em outra coisa. Inovar é difícil porque é preciso lidar com coisas não óbvias, fora do senso comum. As crianças hoje, por exemplo, vivem em um mundo digitalizado, enquanto nossa educação é do século passado. Eu sei que é um trabalho árduo, que implica um grande esforço para ser revertido, mas no mundo inteiro há países que estão tentando consertar isso com seriedade. Os pais também têm seu papel e eles devem começar por dar o exemplo, ou seja, eles próprios aprendendo mais sobre seus talentos.
ISTOÉ -
É possível recuperar a criatividade depois de ser educado dessa forma impessoal?
KEN ROBINSON -
Sim. Primeiro você precisa entender o que é criatividade. As pessoas pensam que ser criativo é fazer coisas especiais e que poucas pessoas são especiais. Ou, então, que pessoas criativas são aquelas com espírito mais livre e um pou co loucas. Mas para ser criativo basta que você esteja executando qualquer coisa, ninguém é criativo na esfera abstrata. E isso pode ser resgatado em qualquer momento da vida.
ISTOÉ -
Para desenvolver os talentos é imprescindível um mentor?
KEN ROBINSON -
Ter um mentor é sempre útil, alguém que o encoraje e veja talentos que nem mesmo você sabe que tem. Pode ser os pais, um amigo, vizinho, parente. Ter alguém que o encoraje pode fazer toda a diferença.
ISTOÉ -
Como o sr. educou seus filhos?
KEN ROBINSON -
Sempre tentei encorajá-los nas coisas em que eles demonstravam interesse. Minha filha é professora de crianças em Los Angeles e meu filho é ator e agora está tentando se tornar escritor. No final das contas, você não pode viver a vida deles por eles, mas apenas estimulá-los a aproveitar as oportunidades.
 Nossa ao ver esta reportagem não resisti amigas é muito boa... até que enfim alguém neste mundo está acordando para o que podemos chamar de "A busca do ser humano pelo humano"...
As mudanças que desejamos tanto só aconteceram quando modificarmos nossa maneira de educar as crianças.
A singularidade das aptidões deve ser respeitada em primeiro lugar.
A beleza de ser humano é que cada ser é único... universo particular.
Danubia Rocha

9 horas de músicas relaxantes

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Depende de nós....

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