Em antigas culturas espalhadas no Mediterrâneo, no Leste Europeu e no Oriente, observava-se o costume de presentear-se mutuamente com ovos. E, geralmente, isso acontecia quando os fenômenos naturais anunciavam a chegada da primavera: estação que prenuncia e celebra a volta da vida na natureza.
Por isso mesmo, os ovos a serem presenteados nessa ocasião eram pintados com gravuras que lembravam algum tipo de vegetal ou outro elemento natural ligado à vida.
Estes costumes atravessaram a Antiguidade mantendo-se vivos em populações pagãs que habitavam a Europa durante a Idade Média.
A entrada deste uso para as festividades e comemorações cristãs aconteceu, sobretudo depois do Concilio de Nicéia, realizado no ano 325 da era Cristã.
Neste período, os clérigos tinham a expressa preocupação de expandir a cristandade, ampliando zelosamente o número de fiéis.
Desde que não ferisse a doutrina, a moral e os bons costumes e ainda mais, não fosse fonte tendenciosa para a volta às práticas pagãs, algumas antigas tradições e símbolos religiosos poderiam ser perfeitamente incorporados, por meio de adaptações, a outros eventos, festas e comemorações que estavam de acordo com o pensamento, doutrina e práticas cristãs.
A igreja não conseguiu "banir" os simbolismos e ritos pagãos entre o povo. Assim muitos costumes e festividades pagãs foram adaptadas ao cristianismo para trazer os povos à igreja católica.
Sem prejuízo para a fé católica, a tradição de presentear ovos poderia ser aplicada, por exemplo, na Páscoa que, no pensamento cristão, é a celebração da Ressurreição de Cristo e sua vitória sobre a morte e com a esperança de uma vida nova. Foi nessa fase da história, que surgiram pinturas de imagens de Jesus Cristo e de Nossa Senhora nos ovos que seriam distribuídos por ocasião da Páscoa.
O ovo é símbolo da própria vida, embora aparentemente morto, ele contém uma vida que surge repentinamente de seu interior.
A origem dos ovos usados em comemorações é antiga e cheia de lendas, constantemente ligadas a aspectos religiosos.
Sempre foi comum a prática de se pintar ovos cozidos, decorá-los com desenhos e figuras e presenteá-los em ocasiões especiais.
Em grande parte dos países isto ainda é um costume comum, em outros, porém, esta prática passou por mudanças e adaptações: os ovos naturais são substituídos por ovos dos mais diversos materiais.
Notícias da tradição do uso do ovo em comemorações entre os cristãos nos levam até ao século IV e tem estreita vinculação com a Quaresma. Nessa época era proibido o consumo de ovos durante o período penitencial dos quarenta dias. Deste modo, acumulava-se uma grande quantidade deles nas dispensas familiares, e para evitar o desperdício, eram doados às crianças.
À partir da Quinta-Feira Santa, precedidos pelos coroinhas da Paróquia, meninos e meninas apareciam para recolhê-los de casa em casa. No domingo de Páscoa a enorme quantidade de ovos recolhidos era transformada em omeletes e logo saboreados por toda a população.
O ovo aparece em muitas tradições antigas como um símbolo da vida, ou do início dela. Civilizações não-cristãs utilizaram o ovo, inclusive decorado para comemorar o equinócio da Primavera e a Vida. O cristianismo absorveu e adaptou a tradição, mesclando-a com seus rituais.
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Algumas curiosidades:
Você sabia?
- Os Ovos Fabergé tiveram origem na Rússia, em 1895. O Czar Alexandre III procurava por um presente de Páscoa para sua esposa, entrando em contato com o joalheiro Peter Carl Fabergé.
Foi feito então um ovo folheado a ouro que se abria, revelando uma gema dourada, contendo uma pequena galinha de ouro com olhos de rubi.
A prática de decorar os ovos pode ser traçada desde os antigos cristãos da Grécia e Síria, que trocavam os ovos tingidos de vermelho carmim para representar o sangue de Cristo.
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- O maior ovo de páscoa do mundo foi construído na cidade de Vegreville, em Alberta, no Canadá, em comemoração ao centenário da formação da Real Polícia Montada Canadense. O ovo tem nove metros e é uma pêsanka, feita de alumínio permanente anodizado em dourado, prateado e bronze.
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- Na Inglaterra, durante a Idade Média, o rei Eduardo I tinha o hábito de banhar ovos em ouro e oferecer de presente durante a Páscoa a amigos e aliados. No século XVIII, os franceses começaram a fazer ovos de chocolate.
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- De acordo com lendas, um antigo professor nas Bermudas precisava de uma maneira simples mas efetiva de demonstrar a ascensão de Cristo ao Paraíso, e usou uma pipa decorada com a imagem de Jesus para ilustrar o conceito aos seus alunos. Como resultado, na Sexta Feira Santa as pipas são uma tradição na ilha.
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- A tradição de alegria assume características um pouco menos compatíveis com o ideal cristão de compaixão e perdão na Queima de Judas, mais comum na América Latina e Grécia, porém não tão popular nas demais nações cristãs do mundo. Neste ritual, um boneco representando Judas é espancado ou queimado.
Explicações para a figura pitoresca do coelhinho geralmente estão ligadas ao antigo festival anglo-saxão da deusa da primavera, Eostre, cujo símbolo era um coelho, ligado à fertilidade.
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- A tradição do coelho da Páscoa foi trazida à América por imigrantes alemães por volta de 1700. Osterhase, o coelho, traria ovos coloridos na Páscoa para as crianças, escondendo para que elas encontrassem depois.
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- Os cristãos ortodoxos na Etiópia celebram a Páscoa de uma a duas semanas após a igreja ocidental, sendo que às vezes as datas coincidem. A Fasika (Páscoa) tem oito dias de jejum de carne e laticínios.
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O surgimento do ovo de chocolate na Páscoa se deu a partir do Séc. XVIII, em substituição aos ovos duros e pintados que eram escondidos nas ruas e nos jardins para serem "caçados" pelas crianças.
Foi por essa época, na França, que se passou a esvaziar os ovos naturais e recheá-los.
Os Pâtissiers (confeiteiros franceses) os recheavam com chocolate, cremes de nozes, ou uma mistura dos mais diversos ingredientes pintando-os artisticamente por fora.
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Desde o final do século XIX, quase todos os ovos de Páscoa não são mais involucrados na casca do ovo de galinha. Eles são feitos totalmente de chocolate e são de variados tamanhos. Alguns são bem grandes, outros são mais discretos, menores. Independente de seus tamanhos, todos fazem a alegria de crianças... e adultos em todo o mundo.
Fontes:
Revista Arautos do Evangelho, Abril/2005, n. 40, p. 35
http://www.novomilenio.inf.br/festas/pascoa3.htm
http://www.fashionbubbles.com/festas-tematicas/a-historia-do-ovo-e-outros-simbolos-da-pascoa/
http://www.arautos.org/especial/25490/Tracos-da-Origem-dos-Ovos-de-http://dreamguides.edreams.pt/brasil/pascoa
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