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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

Crônica Do Natal Caipira



Crônica Do Natal Caipira Rolando Boldrin
Monólogo do Natal - Aldemar Paiva


Eu não gosto de vancê, Papai Noé!

Tamém não gosto desse seu papé de vendê ilusão pra tar

da burguesia.

Se os meninu pobre da cidade soubessem o desprezo qui

o se tem, pelos humirde, pela humirdade eu acho que eles

jogava pedra em sua fantasia.

Você talvez vancê nem se alembra mais.

Eu cresci, me tornei rapaz, sem nunca me esquecê,

daquilo que passô.

Eu lhe escrevi um biete, pedindo um presente a noite

inteira eu esperei contente, chegou o sor, mais vancê

num chegou.

Dias depois, meu pobre pai, cansado, me trouxe um

trenzinho véio, enferrujado, e me ponhou ansim na

minha mão e me oiando baixinho me falou: toma, é pra

vancê, foi papai noé que mandou. E vi quandu ele

adisfarçou umas lágrima cum a mão.

Eu alegre e inocente nesse caso, pensei que o meu

biete embora cum atraso tinha chegadu em suas mão, no

fim do mês.

Limpei ele bem limpado, dei corda, o trem partiu, deu

muitas vorta, meu pai então se riu e me abraçô pela

urtima vez.

O resto, eu só pude cumpreender quando cresci e

comecei a ver as coisa com a realidade.

Um dia meu pai chegou ansim, cum quem tá cum medo e

falou pra mim: me dá aqui aquele seu brinquedo daqui

vou trocá por outro na cidade . Entônce eu entreguei

pra ele o meu trenzinho quase a soluçá.

e, como quem não quer abandoná um mimo, um mimo que

lhe deu, quem lhe qué bem, eu supriquei medroso: ?ô

pai eu só tenhu ele! Eu num quero outro brinquedo, eu

quero aquele. por favor pai, num vá levá meu trem?.

Meu pai calô e pelo seu rosto veio descendo uma

lágrima que, inté hoje creio, tão pura e santa ansim

só Deus chorou!

Ele saiu correnu bateu a porta, ansim como um doido

varido minha mãe gritou; pra ele: José! ele num deu

orvido. Foi embora e nunca mais vortô.

Vancê, Papai Noé, vancê me transformou num homem que

hoje a infância arruinô. Sem pai e sem brinquedo.

Afiná, dos seus presentes, num ai um que sobre da

riqueza do menino pobre que sonha o ano inteiro com a

noite de natá.

Meu pobre pai coitado, mar vestido, pra num me vê

naquele dia desiludido, pagô bem caro a minha inlusão,

num gesto nobre, humano e dicisivo, ele foi longe

demais pra me trazer aquele lenitivo, tinha robado

aquele trem do filho do patrão.

Quando ele sumiu, pensei que tinha viajadu, no

entanto, minha mãe despois deu grande, me contou em

pranto que ele foi preso coitado e tranformadu em réu.

Ninguém pra absolvê meu pai se atrevia.

Ele foi definhando na cadeia, inté,qui um dia, Deus

entrou na sua cela e o libertô pro céu.

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