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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância.

Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

Brinquedo e Cultura

Brincadeira é coisa séria
Ronaldo Nunes

Foto: Marcelo Kura
Foto: Marcelo Kura
A proposta de Brinquedo e Cultura (112 págs., Ed. Cortez, tel. 11/3611-9616, 15 reais) é auxiliar os educadores na compreensão das múltiplas maneiras de utilização do lúdico por crianças até 10 anos em instituições educativas. Além disso, os artigos selecionados ajudam a desmistificar a ideia de que o brinquedo é próprio da infância e passam a associá-lo à cultura humana em geral.

Por meio da difusão de modernos conceitos sobre o brinquedo e sua função na brincadeira, assim como por meio de exemplos extraídos de investigações acadêmicas, o filósofo francês Gilles Brougère introduz o leitor em uma nova lógica sobre o assunto. Com marcas acadêmicas de forte influência sociológica e antropológica, a leitura é fácil e sugere respostas a várias questões frequentes na prática educativa e pedagógica: brinquedos de guerra são válidos ou não? Qual a boneca mais adequada para a iniciação das crianças no faz de conta? Deve-se ou não deixar as crianças assistirem TV? Afinal, para que serve brincar com objetos industrializados?

O foro principal do texto é deixar de lado os paradigmas psicológicos relativos ao brinquedo e buscar entendê-lo como produto de uma cultura com traços próprios. Seu uso pelas crianças representa mais do que uma influência negativa ou positiva. Ele introduz os pequenos nas formas, imagens de si mesmos e da sociedade na qual vivem de uma maneira histórica e cultural particular.

Brougère surpreende com uma questão que, provavelmente, poucos se colocam: afinal, não somos nós mesmos, membros da sociedade, que damos sentido a esses objetos miniaturizados e distorcidos do real para que se produzam, distribuam e consumam brinquedos?

Para contrapor-se às críticas quanto ao uso dos modelos industrializados, o autor finaliza com o belo capítulo Que Possibilidades Têm a Brincadeira, em que situa na história o discurso que valoriza essa atividade infantil, de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) ao romantismo, passando pelas concepções que definem práticas educativas distintas. A análise da relação entre brincadeira e cultura oferece uma ajuda preciosa na criação de um ambiente lúdico para os pequenos.

Sobre o autor O filósofo e antropólogo Gilles Brougère é conferencista e diretor do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Paris-Norte. Pesquisa a relação entre brincadeira, Educação e pedagogia escolar desde os anos 1970.

Gisela Wajskop, autora desta resenha, é doutora em Educação e presidente e diretora pedagógica do Instituto Superior de Educação de São Paulo - Singularidades.

Clássico do mês

Trecho do livro
"Voltemos à brincadeira de guerra e tentemos compreender seu sentido: inegavelmente a criança se confronta com uma parte da cultura humana. Pode parecer chocante dizer que a guerra e a violência são componentes de nossa cultura. Contudo, não são necessários estudos históricos aprofundados para compreender a contribuição da guerra e da violência para nossa cultura, tal como ela existe. Basta limitar-se à atualidade para perceber, também, a parcela de violência das culturas contemporâneas. A brincadeira da criança, ao buscar recursos no ambiente que a cerca, só pode se abastecer com esse rico vocabulário da violência. Sendo uma confrontação com a cultura, a brincadeira é, também, confrontação com a violência do mundo, é um encontro com essa violência em nível simbólico. A criança deve dar sentido não só a isso, como ao resto. De que modo a violência poderia escapar dessa apropriação desde que compreendemos sua importância cultural? A criança tem de conviver com isso. Talvez a brincadeira seja o único meio de suportá-la (...) "

Revista nova escola

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