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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância.

Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

As virtudes humanas



Esquema de virtudes por idades:




Tendo em conta que cada família é diferente, e que cada filho e cada pai requer uma atenção diferente, vamos considerar com brevidade, um esquema de virtudes por idades, tendo em conta os traços estruturais das idades e a natureza das virtudes.



Até os 7 anos:


- Obediência.
- Sinceridade.
- Ordem.



Antes dos sete anos as crianças apenas têm uso de razão e, portanto, o melhor que podem fazer é obedecer a seus educadores, tentando viver este dever com carinho. Mas destacar esta virtude para os pequenos não lhe tira importância para os mais velhos. Simplesmente significa que, como vão passando os anos, o discernimento pessoal deverá melhorar de tal modo que cada um atuará corretamente por vontade e decisão própria sem receber tantas indicações concretas alheias. De todas as formas, em todas as idades, o mérito está em obedecer à pessoa com autoridade em tudo o que não vá contra a justiça. A obediência se produz por uma exigência operativa razoável por parte dos pais. Haverá que exigir muito, mas em poucas coisas, dando indicações muito claras, sem confusão.
As crianças podem obedecer por medo, ou porque não há outro remédio a não ser cumprir. Estes são motivos muito pobres. Devemos animá-los, a cumprir por amor, para ajudar a seus pais, e assim começar alguns primeiros passos com relação à virtude da generosidade.
Ao mesmo tempo, devemos desenvolver nos filhos a virtude da sinceridade, porque esta exigência no fazer tem que traduzir-se paulatinamente em uma exigência no pensar - uma orientação -, e unicamente tem sentido esta orientação dos pais se se faz em torno a uma realidade conhecida. De fato, a sinceridade tem muito a ver com o pudor e voltaremos a insistir nesta virtude já na adolescência.
Por outra parte incluímos também a virtude da ordem por vários motivos: 1) se não se desenvolve desde pequenos, é muito mais difícil depois; 2) é uma virtude necessária para permitir uma convivência feliz; 3) tranquiliza às mães de família. E isso, sem brincadeiras, é importante.
Os motivos para ser ordenados podem ser de tipo racional - ver a conveniência do ato ordenado -, apesar de que costuma ser mais razoável basear-se no carinho outra vez, apoiado no desejo que a criança pequena tem de agradar a seus pais. Também pode ser por sentido do dever como seria no caso de desenvolver a ordem utilizando um sistema de encargos.
Estas três virtudes formarão uma base sólida para a seguir abrir-se a mais virtudes na próxima etapa.




Desde os 8 até os 12 anos


- Fortaleza.
- Perseverança.
- Laboriosidade.
- Paciência.
- Responsabilidade.
- Justiça.
- Generosidade.


Como se verá, aqui nos encontramos com quatro virtudes que giram em torno à virtude cardinal da fortaleza: duas, em torno à justiça, e uma, com relação a virtude teologal da caridade.
Os meninos destas idades passam por uma série de mudanças de tipo biológico com a chegada da puberdade, e parece conveniente desenvolver de um modo especial a vontade, para tornar mais forte seu próprio caráter. Agora os filhos começam a tomar mais decisões pessoais, mas necessitam de critérios para saber se se dirigem bem ao objeto de seu esforço.
Complementamos as virtudes relacionadas com a fortaleza com a introdução de algumas virtudes diretamente relacionadas com os demais - ou seja, a responsabilidade, a justiça e a generosidade.
De todas as formas, o lógico é que as crianças desta idade se centrem mais no ato que no destinatário. Ainda não são muito conscientes de sua intimidade. Neste sentido, se trataria de conseguir que os filhos sejam perseverantes, não em relação com a atenção a uma pessoa, por exemplo, mas ou melhor, pela satisfação de haver superado algum obstáculo. É a idade dos desafios (mas razoáveis). Como a criança é muito consciente das regras do jogo com relação a seus colegas e com relação aos demais em geral, certamente será conveniente estimular aos filhos a desenvolver as virtudes por sentido do dever ante seus colegas, por exemplo, mas sem esquecer-se de entusiasmar-lhes com algum ideal que, valha a pena. Assim, encontrarão a satisfação de um esforço de superação pessoal.
Em todas estas virtudes é necessário o uso da vontade. Ao ler as descrições, verão que se trata de "suportar incômodos", de "esforçar-se continuamente para dar aos demais", de "alcançar o decidido", de "resistir a influências nocivas", etc. Para realizar estas coisas, será necessário elevar a vista e não estar atado a alguns interesses pobres, quase mesquinhos.
Esta é uma idade chave para "jogar para cima". E com isto quero dizer elevar o olhar das crianças para Deus e conseguir que estas virtudes humanas revertam em bem da fé em desenvolvimento.
Talvez pareçam muitas virtudes para perseguir simultaneamente. Mas estão muito relacionadas. No caso de centrar-se em uma ou duas delas é muito provável que a criança melhore nas demais também.
A medida que vão passando os anos, os jovens vão necessitando de mais argumentos, melhores razões para cumprir com o esforço que supõe adquirir um hábito operativo bom.
Com o despertar da intimidade, entramos na adolescência, um período no qual o jovem tem que voltar a tomar como próprio coisas que realizou por imitação ou por simples exigência externa. Agora se compromete consigo próprio e tudo o que faz adquire uma nova dimensão.

Desde os 13 até os 15 anos


- Pudor.
- Sobriedade.
- Simplicidade.
- Sociabilidade.
- Amizade.
- Respeito.
- Patriotismo.


Desde os oito até os doze anos, aproximadamente, destacamos virtudes relacionadas com a fortaleza e com a justiça, enquanto supõe a adaptação do comportamento a umas indicações concretas. Desde os treze até os quinze anos, parece conveniente, de acordo com o descobrimento mais claro da própria intimidade, insistir de um modo preferente em umas virtudes relacionadas com a temperança, em primeiro lugar. E isso para não perder de vista o Bem devido às paixões incontroladas. Os pais podem ver com grande clareza como muitas pessoas que vivem na sociedade atual dão um exemplo nefasto para os jovens deixando-se levar a qualquer extremo em busca de um prazer superficial.
Se anteriormente insistimos na fortaleza, agora se trata de utilizar essa força para proteger o mais precioso de cada ser: sua intimidade. E com a intimidade me refiro à alma, aos sentimentos, aos pensamentos e não apenas a aspectos do corpo. As virtudes do pudor e da sobriedade poderiam ser resumidas - em chegar a reconhecer o valor do que uma pessoa possui para a seguir utilizá-lo bem - de acordo com critérios retos e verdadeiros.
Que motivos podemos proporcionar aos filhos? Creio que devemos dar-lhes razões. Não é uma solução nova. Mas nós, os pais, normalmente aprendemos a comportar-nos como o fazemos, imitando a nossos educadores. E agora nossos filhos não estão dispostos a imitar-nos. Pedem razões. E nós não temos as razões para dar-lhes. Ou pelo menos, de um modo que possam ser captadas adequadamente. Já sabemos que não há receitas na orientação familiar. Mas, com respeito ao modo em que se deve dar informação aos jovens, eu me atreveria a dar uma. Se trata de dar a informação de acordo com quatro "cês" - uma informação clara, curta, concisa -, e mudar de assunto.
Além destas virtudes, relacionadas com a temperança, também é conveniente insistir em outras que têm a ver com a intimidade da pessoa e com suas relações com os demais. Por este motivo, se destacam a sociabilidade, a amizade, o respeito e o patriotismo. As quatro virtudes supõem interessar-se pela própria intimidade e pelo bem dos demais de um modo muito concreto. Certamente aqui encontraremos a ajuda principal que podem contribuir os pais. Me refiro à orientação aos jovens para que cheguem a concentrar suas inquietudes para com os demais em atos concretos de serviço. Devemos ter em conta que o adolescente, por sua própria natureza, é idealista e também necessita viver novas experiências. Se os pais não os ajudamos, é provável que as influências externas intencionadas e prejudiciais enlacem com este modo de ser.
Temos incluído uma virtude mais para esta idade. A simplicidade, porque é o que necessita o adolescente para comportar-se congruentemente com seus ideais e também para que chegue a aceitar-se tal como é.




Desde os 16 até os 18 anos


- Prudência.
Flexibilidade.
- Compreensão.
- Lealdade.
- Audácia.
- Humildade.
- Otimismo.


As primeiras virtudes que destacamos para esta idade se baseiam em uma capacidade de raciocinar inteligentemente. Isto é, será quase impossível desenvolver as virtudes plenamente sem uma certa capacidade intelectual. Refiro-me às virtudes da prudência, da flexibilidade, da compreensão e também da lealdade e da humildade. Nas descrições operativas, o leitor pode ver que tipos de atividades supõe a realização destas virtudes. Por exemplo: "recolhe informação continuamente"; "ponderar as conseqüências"; "proteger um conjunto de valores"; reconhecer diferentes fatores que influem em uma situação"; "reconhecer as próprias insuficiências", etc. Por isso, parece conveniente insistir nestas virtudes quando os jovens têm mais capacidade intelectual.
Na idade anterior, destacamos a importância que tem dar uma informação aos jovens com respeito ao significado destes conceitos. E, agora, haverá que repetir o mesmo, mas com maior insistência. Se antes os perigos vinham pela pessoa "deixar fazer" com relação às paixões, agora virão seguramente, por umas idéias erradas. Aqui, é necessário a flexibilidade para poder aprender de diferentes situações mas sem abandonar os critérios de atuação pessoal. Também é importante a prudência. Supõe que o jovem abra os olhos a seu ambiente e busque uma informação adequada, ponderando as conseqüências antes de tomar decisões. Os pais devem dar-se conta de que, nestas idades, já é muito difícil exigir a seus filhos para que façam coisas, nem é muito conveniente fazê-lo. Entretanto se tratará de exigir-lhes muito para que pensem antes de tomar suas próprias decisões, recordando-lhes continuamente a importância de estabelecer alguns critérios em torno aos quais se pode decidir razoavelmente. Há que obrigar aos jovens a estabelecer-se seriamente o porquê de suas próprias vidas, para que cheguem a atuar coerentemente com alguns valores. Aqui reside a importância da lealdade.
O leitor verá que, depois de três virtudes relacionadas com a prudência, destacamos uma de justiça, outra de fortaleza e outra de temperança. Já estamos em uma idade mais madura e buscamos no desenvolvimento das virtudes um equilíbrio entre um sólido apoio no permanente, um reconhecimento realista das possibilidades próprias como pessoa, e uma atuação audaz para conseguir um autêntico bem. Isto é a lealdade, a humildade e audácia.
Mas não queríamos terminar sem fazer referência a mais uma virtude. Uma virtude muito importante para uma sociedade caracterizada pelo ódio e o desespero. Refiro-me ao otimismo. Esta é uma virtude que há que desenvolver em crianças pequenas e em todas as idades, mas a incluímos de um modo preferente agora, porque é possível, com a vontade, adquirir o hábito de ver o positivo em primeiro lugar, com a finalidade de saber o que é "bom". E além disso, se trata de ver o melhor nos demais e assim é possível ajudar-lhes a melhorar. A estas idades o jovem deveria dedicar-se ao serviço dos demais animado pela esperança sobrenatural, sabendo que vale a pena.


Conclusão
Para terminar esta introdução em torno à educação das virtudes humanas, me agradaria voltar a destacar que a vida familiar é algo espontâneo, cheio de amor e de alegria. As indicações que acabo de fazer, não pretendem ser um plano, mas uma série de sugestões para ajudar aos pais a decidir mais prudentemente o que é melhor para eles e para seus filhos. Mas, às vezes, é bom tentar esquematizar a vida espontânea com o fim de conhecê-la melhor e portanto amá-la mais. Por isso, incluímos ao final do livro um quadro de virtudes por idades, e também uma descrição operativa das vinte e cinco virtudes que comentamos neste livro.
Não tem grande importância o fato de destacar uma virtude ou outra. O conjunto das virtudes em desenvolvimento é o que nos interessa. Por isso, se pede aos pais uma luta de superação pessoal, com respeito às virtudes que querem desenvolver em seus filhos.
De todas as formas cada pessoa terá suas preferências. Quais são as três virtudes que recomendaria especialmente para os pais de família? Perseverança, paciência e otimismo.




O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.ImmanuelKant

Possível distribuição das virtudes por idades:


Até os 7 anos
8-12 anos
13-15 anos
16-18 anos
Virtude cardinal dominante
Justiça
Fortaleza
Temperança
Prudência
Virtude teologal dominante
Caridade
Esperança
Virtudes humanas preferentes
Obediência
Sinceridade
Ordem
Fortaleza
Perseverança
Laboriosidade
Paciência
Responsabilidade
Justiça
Generosidade
Pudor
Sobriedade
Sociabilidade
Amizade
Respeito
Simplicidade
Patriotismo
Prudência
Flexibilidade
Compreensão
Lealdade
Audácia
Humildade
Otimismo
Resultado
Alegria
e
Maturidade natural da pessoa

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