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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância.

Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

OBESIDADE INFANTIL MÍDIA E SOCIEDADE






















































Ver os netos gordinhos era a alegria das avós do passado. Criança rechonchuda era sinônimo de criança saudável. De certa forma, havia lógica nesse conceito. Numa época em que não existiam antibióticos, crianças mais nutridas resistiam melhor aos processos infecciosos.
Hoje, a obesidade infantil transformou-se num problema sério de saúde, numa epidemia que se vem alastrando e já atinge parte expressiva da população nessa faixa de idade. As causas são muitas, mas pesam os hábitos alimentares baseados no fast food, salgadinhos e guloseimas e as horas passadas em frente da televisão ou jogando videogame.
A preocupação não é com a estética. Muitas crianças com excesso de peso apresentam alterações nos níveis de colesterol, são descriminadas pelos companheiros e alvo de brincadeiras de mau gosto. 
O controle da obesidade infantil começa em casa, com refeições balanceadas, estímulo à atividade física e mudança dos hábitos alimentares de toda a família.



Dr Drauzio Varella entrevista Dra. Sandra Villares que é médica, coordenadora do Ambulatório de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e Dr.Linneu Silveira, médico endocrinologista falecido em 2003, fez parte do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês (SP).



Drauzio – O que diferencia a criança gordinha da criança obesa?
Sandra Villares – Em geral, a mãe tem sensibilidade para notar que a criança está um pouco mais forte do que os coleguinhas de mesma idade. A mãe ou os familiares perceberem esse fato é o primeiro passo para estabelecer a distinção. Os médicos fazem cálculos um pouco mais complicados. Dividem o peso pela altura ao quadrado, obtêm o índice de massa corpórea (IMC) e utilizam gráficos que podem ser encontrados no site www.abeso.org.br. Resultado acima de 85 percentil caracteriza sobrepeso; acima de 95, obesidade. Abaixo de 85 percentil, indica que a criança não tem sobrepeso.
Essa curva não é igual a dos adultos porque as crianças crescem e os números variam conforme a idade.



Drauzio – Não deveria haver uma política social encarregada de controlar a oferta abusiva de alimentos de alto teor calórico nas cantinas ou nas portas das escolas?
Linneu Silveira – Deveria, sem dúvida. Por isso estamos chamando atenção para a discrepância entre os gastos da saúde pública de diversos países em defesa da boa alimentação e os da iniciativa privada com alimentos de alto teor calórico. Só se anunciam as vantagens da laranja na alimentação se todos os produtores dessa fruta estiverem interessados em desovar o produto, ao passo que investir na propaganda de um novo achocolatado matinal reverte em benefícios imediatos para a indústria que criou o produto, por exemplo.
No entanto, nossa expectativa é que essa maré de informações a respeito dos benefícios de uma alimentação equilibrada obrigue as indústrias a produzirem produtos mais saudáveis.
Drauzio – Quais são os resultados do tratamento para crianças obesas?
Sandra Villares – Os resultados são interessantes. O tratamento da criança obesa começa pela modificação dos hábitos alimentares da família. Ninguém faz regime sozinho numa casa, muito menos uma criança. Não adianta a mãe dizer que bolacha recheada que está no armário é para o irmão, que é muito magrinho. O tratamento inclui a família inteira. É pai, mãe, irmãos, todos comendo o mesmo tipo de alimentação saudável. 
Segundo ponto: o tratamento baseia-se num conceito de boa alimentação. Não se fazem restrições alimentares e a criança nunca deve comer menos de 1800 calorias diárias, embora esteja demonstrado que muitas comem por dia 60% a mais do que necessitam. Do cardápio do almoço e do jantar, devem constar um pouco de arroz e de feijão, um bom bife e salada. No meio da tarde, café com leite desengordurado.
Terceiro ponto: é importante incentivar ao máximo a prática de atividade física aeróbica – nadar, correr, andar de bicicleta, andar - pelo menos três vezes por semana, no mínimo por uma hora. De preferência, a criança obesa não deve participar de atividades esportivas em grupo. Num jogo de futebol, como não consegue correr com a ligeireza do magrinho, vai ser colocada no gol onde se mexerá pouco.
É obvio que sem a dieta, o exercício físico não ajuda a emagrecer, mas a atividade física aeróbica, freqüente e feita com regularidade, é muito importante nos casos de obesidade.
Drauzio – Nas famílias, quais são os erros alimentares que conduzem as crianças ao excesso de peso?
Sandra Villares – Os parâmetros mais freqüentes que se observam no Hospital das Clínicas e que levam as crianças a perderam a sensação de saciedade são dois. 
A criança faz uma refeição por dia: come o dia inteiro. Em geral, as mães trabalham fora, a criança chega da escola, senta em frente da televisão e come por comer, sem fome. Não existem refeições organizadas em períodos estabelecidos. O outro é a hiperfagia, ou seja, a criança ingere quantidades enormes de alimentos em cada refeição.
Drauzio – Que alimentos a mãe deve esquecer que existem quando faz as compras no supermercado porque só engordam? E quais deve comprar?
Sandra Villares – Uma família de quatro pessoas deve utilizar uma lata, uma lata e meia de óleo por mês. Isso significa restrição de frituras. Já gastou uma lata e meia, não pode fritar mais nada naquele mês.
A refeição das crianças deve conter carboidratos (arroz e feijão), proteínas (carne, frango ou peixe de preferência assados ou cozidos para evitar o uso de óleo), verduras (tomate, alface, pepino), frutas. 
Outro alimento imprescindível é o leite. Muitas crianças, porém, trocam o leite por refrigerantes e sucos e não tomam sequer um copo por dia. Criança pequena tem que ingerir por volta de um grama, 1,2 gramas de cálcio diárias, o que corresponde a quatro porções de leite ou derivados (queijo, iogurtes). 
Não há necessidade de ser leite integral. Para desengordurar o leite, basta batê-lo no liquidificador e tirar a espuma ou fervê-lo e tirar a nata que se formou. Há estudos que mostram a associação de maior ingestão de leite e menor peso em certas populações.
Drauzio – Muitas refeições das crianças são ricas em gordura saturada.Você poderia explicar que tipo de gordura é esse?
Sandra Villares - São as gorduras derivadas de animais, contidas na carne, lingüiça, salsicha, por exemplo. As salsichas, que as crianças amam, especialmente as vendidas na porta das escolas com batatinha frita, purê, maionese, etc., podem ser gostosas, mas não têm valor nutritivo importante.
Drauzio – Como evitar que as crianças prefiram essas comidas “junkie”, como as batatinhas, bolachas recheadas e salgadinhos?
Sandra Villares – Essas comidas fazem parte da nossa civilização. Não adianta proibir. A criança pode comer, mas de vez em quando. É impossível alguém falar que nunca mais na vida vai comer batata frita. O problema é comer todos os dias. O hot dog ou o hambúrguer comido no dogueiro da porta da escola ou na lanchonete da esquina são ricos em valor calórico e, às vezes, pobres em valor nutritivo.

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