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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

Tudo que é bom começa como uma brincadeira!


Percussão corporal desenvolve coordenação e ativa circulação

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MARCOS DÁVILA 
da Folha de S.Paulo

Tudo era apenas uma brincadeira. Bater palmas, percutir o peito e estalar os dedos foi um jeito que o paulistano Fernando Barba, 32, criou para acompanhar suas invenções musicais enquanto andava sozinho pelas ruas. Na época em que começou a tirar sons do corpo e dividir essa "mania" com seus amigos de colégio, o músico não imaginava que, alguns anos mais tarde, fundaria o grupo de percussão corporal Barbatuques.

Mas, antes de formar o conjunto artístico, Barba criou uma oficina de percussão corporal no Auê Núcleo Musical (SP), que montou com outros músicos recém-formados na Unicamp, como ele. A partir das oficinas, o músico percebeu que o Barbatuques tinha muito mais a oferecer às pessoas do que música. Desenvolvimento da coordenação motora, ativação da circulação do sangue, melhora da concentração e da memória, bem-estar físico e mental e redescoberta do próprio corpo são alguns dos benefícios associados, segundo Barba, à prática da percussão corporal.
"Isso nasceu do ócio criativo. A brincadeira foi o motor de tudo, ainda é e vai continuar sendo", afirma Barba, que acredita que o grupo musical é apenas uma mostra de uma linguagem desenvolvida nas oficinas. Leia a entrevista a seguir, em que o músico fala sobre as vantagens da prática, que vão além do som que ela produz (mais informações no sitewww.barbatuques.com.br).



Folha - Quando você percebeu que o Barbatuques ia além da música, trazendo benefícios para o corpo?
Fernando Barba -
 Tive de dar uma volta inteira para chegar nisso. Esse trabalho está associado às brincadeiras de criança. Acho que a percussão corporal, bater o pé no chão, bater no corpo, cantar e fazer barulhos é uma autoregulação do corpo, uma necessidade. A própria criança bate palmas quando está feliz, não é? Isso está associado ao prazer.

Folha - Como essa consciência surgiu?
Barba -
 A cada dia, descobria jogos diferentes, exercícios que faziam o aluno não só adquirir uma técnica mas descobrir uma linguagem, entrar em contato com ele mesmo, com o som dele. Numa improvisação, tem gente que gosta de fazer um som pano de fundo, que ajuda a sustentar outros sons. Existem aqueles que gostam de aparecer, de fazer um som superclaro, que contagia ou que, às vezes, pode encobrir o som dos outros. Comecei a reparar que, por meio dessas dinâmicas, iam aparecendo elementos extramusicais, mais psicológicos, de personalidade, de trabalho em equipe.

Folha - Qualquer pessoa pode aprender?
Barba -
 Qualquer uma. Já trabalhei com deficientes auditivos e eles também têm condição de fazer, usando suas habilidades visuais e sensoriais. Eles sentem o ritmo da música pela vibração e a entendem por meio de sinais visuais. Fizemos oficinas com alguns pacientes de saúde mental também. Trabalhar com um outro código que não é verbal ajuda muito a manter o foco.

Folha - A percussão corporal pode ajudar pessoas hiperativas?
Barba -
 Eu acho que sou um pouco hiperativo. Agora estou mais calmo, mas, quando eu era criança, a percussão corporal era uma forma de canalizar minha energia. Eu tinha uma agitação mental muito grande.

Folha - Como é trabalhar com criança?
Barba -
 Acho muito importante ela perceber que a música está nela antes de tudo. Estimulamos que ela tire som do corpo, bata na bochecha, bata o pé no chão. Assim, ela desenvolve motricidade. Mais tarde, perto da alfabetização, trabalhamos o raciocínio, a matemática. Tem de seguir uma ordem: duas palmas, dois estalos --ela aprende a lidar também com o abstrato.

Folha - Vocês também trabalham com ONGs...
Barba -
 A criança que não tem acesso aos instrumentos musicais vê que pode se valorizar só pelo que já tem no corpo, com o que ela faz sozinha, o ritmo, a música. Tem um lado de auto-estima e um lado de valorização da individualidade. É o som de cada um.

Que benefícios essa prática pode trazer?
Barba -
 A gente tem reparado que existem alguns efeitos saudáveis da percussão corporal. Quando bate no seu corpo, você se massageia e ativa a circulação. Bater o pé no chão faz o aluno ficar mais presente. A gente faz improvisos circulares, com repetição, que exercitam a memória e trazem bem-estar. Trabalhamos ainda a coordenação motora.

Como essa prática ajuda a redescoberta do corpo?
Barba -
 Eu era uma pessoa tímida, não tinha uma boa relação com meu corpo, era corporalmente bloqueado. O primeiro momento da oficina é uma volta para si mesmo. Olhar para a mão, tentar encaixar a palma, corrigir. Você tem de se observar o tempo todo. No começo, muita gente tem uma certa resistência em bater no próprio peito. Tem a ver com auto-afirmação, com o seu centro existencial. A gente fala "eu" e bate no peito. Não é à toa.



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