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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância.

Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

Música:O fio condutor para o saber...

#MÚSICA#
Concentração, socialização afetividade e segurança...
Ritmo de aprendizado
O trabalho com a linguagem musical amplia o repertório de crianças de até 3 anos e desperta o gosto delas pelas composições de qualidade e ajuda a desenvolver várias habilidades e inteligências.
Diante dos pequenos, repousam silenciosos estranhos objetos. Belos na forma, feitos de madeira, metal e outros materiais, agradáveis ao toque e reluzentes ao olhar. Pouco a pouco, as crianças vencem a distância, sentem as texturas, escolhem, pegam, exploram. Qual não é a surpresa geral ao perceber que aquelas coisas produzem sons,tão distintos quanto a fala ou um ruído estridente. Desde a Grécia antiga, 2,5 mil anos antes de Cristo, a música é utilizada na Educação com o propósito de cultuar a harmonia do indivíduo.
Hoje, sabe-se que o ensino musical é fundamental para o bom desenvolvimento dos pequenos. Elvira Drummond, professora de piano e literatura infantil, explica que a música é uma das poucas atividades que mexem simultaneamente com os dois hemisférios do cérebro (o esquerdo é mais ligado à criatividade, à língua e às artes, e o direito, às ciências exatas). Ao propiciar esse estímulo bilateral, ela amplia as vias neurais. Pesquisas mostram que existe uma espécie de ponte ligando os hemisférios e ela é mais espessa nos músicos."Em outras palavras, é muito bom ter uma prática musical diária", diz Elvira (leia mais no quadro). 

Sons e concentração 
Na Escolinha Meu Cantinho, em Fortaleza, a professora Joana Angélica da Costa promove uma série de atividades com as crianças de até 3 anos. Para começar, a sugestão do início desta reportagem: simplesmente levar para a sala instrumentos musicais e deixá-los à disposição de todos. Para os bem pequenos (em média, a partir dos 8 meses uma criança já consegue tocar), ela introduz experiências musicais que favorecem o desenvolvimento de habilidades perceptivas e sonoras, como imitar vozes de outras pessoas (pode ser o pai ou a mãe) ou sons de animais.
 

A professora, que também é cantora, atriz e arte educadora, costuma usar um CD de histórias para pedir que a turma produza sons partindo de conceitos simples, como grave e agudo. Depois, divididos em grupos, todos ficam prontos com seus instrumentos, esperando o sinal para tocar. "Com isso, eles aprendem noções básicas de regência e trabalhamos uma coisa fundamental, que é a concentração", diz Joana.Após apresentar os instrumentos, ela começa a distinguir a família do sopro, das cordas, da percussão e leva brinquedos percussivos, como tambor, xilofone, flauta e corneta, para a garotada se esbaldar.No fim, faz um ditado diferente: uns tocam e os outros, de costas, identificam pelo ouvido a família correspondente. Para essa atividade, miniaturas de instrumentos ajudam.
 

Paula Zurawski, formadora do Instituto Avisa Lá, assessora pedagógica das temporadas de teatro infantil do Teatro Alfa e professora do curso de Pedagogia do Instituto de Educação Superior Vera Cruz, em São Paulo, ressalta que a
música é uma linguagem importantíssima para as crianças. "Os sons são, desde muito cedo, uma forma de interação com o mundo, tanto que as primeiras comunicações do bebê são melodias, as 'lalações'." Ambientes com adultos sensíveis a isso representam uma vantagem didática (por isso, saber cantar e ter cultura musical são competências importantes para o educador). Segundo Paula, nosso país tem uma longa tradição nessa área, o que facilita o trabalho."Basta ampliar o repertório e pensar, de forma crítica, no que se vai oferecer em sala."A riqueza dos sons no Brasil, no entanto, não é sinônimo de barrar canções estrangeiras - até porque elas têm muito espaço na TV e no rádio."O bom é ouvir tudo, de música clássica a rock", exemplifica. 

Selma Petroni, coordenadora e professora do Centro Musical RMF, em São Paulo, diz que a música é também um elo entre a mãe e o bebê. Por isso, as aulas para crianças de 8 meses a 2 anos são acompanhadas pelas mães - que ajudam na socialização dos pequenos, que estão só começando a ter contato com outras pessoas e em alguns casos estranham isso.Como nessa faixa etária é difícil manter a concentração, o ideal é trabalhar durante meia hora - no máximo uma hora por semana.
 

As professoras ensinam a usar a música para ajudar no desenvolvimento infantil. O trabalho estimula trocas, com muitas histórias e canções que têm o nome das crianças na letra. Selma cita pesquisas que comprovam o efeito calmante do som: "A música tem uma pulsação, que elas ouvem desde quando ainda estão na barriga". Outro grande ganho é que, ao treinar o ouvido, fica mais fácil discriminar sons: de animais, dos instrumentos musicais etc. "Nosso papel é estimular o gosto pela música e aumentar a familiaridade com essa linguagem."

Trabalhar com instrumentos musicais em sala... 
- Proporciona experiências com ritmos e timbres variados. 
- Estimula a escuta atenta das canções e suas sonoridades

O poder dos sons 
A professora Elvira Drummond lembra que foram os estudos de Howard Gardner, no início dos anos 1980, que revolucionaram conceitos de ensino e aprendizagem ao antecipar descobertas da neurociência sobre a música. Em seus trabalhos, o pesquisador americano apontou a existência de uma inteligência musical. "A chamada teoria das inteligências múltiplas nos ajudou a entender que o aluno que não tem facilidade em Matemática ou Língua Portuguesa pode ser um gênio musical ou da pintura." Antes de Gardner, na década de 1960 o francês Louis Porcher já tinha publicado um livro, Educação Artística, Luxo ou Necessidade?, com algumas conclusões semelhantes. Ele observou as escolas húngaras Kodaly (onde o ensino de Música tem o mesmo peso que o da língua, todos os dias) e comprovou que os estudantes tinham rendimento melhor em todas as disciplinas: Matemática, Artes, Ciências...
Revista Nova Escola
 Edição 201 | 04/2007
Faoze Chibli (Faoze Chibli)
BIBLIOGRAFIA 
Educação Artística, Luxo ou Necessidade?, Louis Porcher, 200 págs., Ed. Summus, tel. (11) 3872-3322, 36,10 reais 
Inteligência, Múltiplas Perspectivas, Howard Gardner, 360 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 54 reais

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