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Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância.

Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio d...

Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância.



Resenha do livro: POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infância. Tradução: Suzana Menescal de A. Carvalho e José Laurenio de Melo. Rio de Janeiro: Grafhia Editorial, 1999. Resenhada por Danúbia Rocha ∗∗∗ 

O DESAPARECIMENTO DA INFÂNCIA
THE DISAPPEARANCE OF THE CHILDHOOD

Nesta obra podemos observar o conceito de infância em cada contexto histórico. Nos mostra questões sobre a influência da mídia e a "volta" do fenômeno da "adultização" das crianças. Onde começa e onde termina a infância? São questionamentos levantados pelo autor.

            Podemos falar da criança na Antiguidade Greco-romana onde se desenvolveu uma ideia de educação próxima à que conhecemos hoje. Neste momento histórico viam a criança como um ser diferente do adulto, havia a preocupação em preparar sua formação para a vida adulta e em não falar “coisas impróprias” a elas. Somente as crianças de famílias ricas eram inseridas neste sistema educacional. Nesta época, surgiram primeiras diferenciações de comportmento, mais adequadas às crianças, ou seja, restrições do que falar e como proceder na presença delas, indicando a existência do sentimento de vergonha.
            Este olhar se perde na Idade Média com as guerras, com a proibição da leitura de obras consideradas profanas, mas "necessidades" da sociedade medieval fazem da criança uma miniatura do adulto. As meninas bem pequenas já se casavam ou mantinham relações sexuais com adultos. Elas presenciavam o sexo entre os adultos e participavam algumas vezes. Não existiam livros e nem orientações sobre como criar os filhos. Só no século 16 surgiram os primeiros livros dirigidos às mães e à pediatria. Segundo o autor a construção social da infância demorou duzentos anos para se firmar como um valor socialmente compartilhado. Esta visão só foi modificada na Idade moderna, devido aos avanços no conhecimento sobre o ser humano, com a psicologia e psiquiatria os adultos mudaram o comportamento relacionado ao sexo, exercendo o autocontrole da pulsão sexual na presença das crianças. 

            Entrelaçada com estas mudanças, o autor nos trás uma reflexão sobre os limites temporais da infância: Onde começa e onde termina a infância? Para Rousseau, um filósofo dedicado ao tema da educação, o desenvolvimento do hábito da leitura, que se consegue por volta dos sete anos, significa o fim da infância e o ingresso na idade adulta. Para a Igreja Católica, o marco dos sete anos vale como a idade da razão, o saber discernir entre o certo e errado, ou a virtude e o pecado. O Estado brasileiro também utilizou a idade dos sete anos para o ingresso no sistema

            Além da idade, o que mais diferencia a criança do adulto? Isto para o autor não se resume apenas em conhecer o sexo, a violência ou a maldade. Isto é uma formação também cultural, pois a infância é uma produção cultural e histórica passível de variações pelo mundo. O que vai guiar este processo é o ritmo dos avanços tecnológicos, comunicativos, que no mundo globalizado, podem abalar as estruturas causando mudanças rápidas nestes conceitos. Ou seja, à medida que nós consumimos livros, jornais, rádio e televisão (a Internet não entrou nas referências do autor), estamos nos adequando às possibilidades dadas pela comunicação e, simultaneamente, transformando a nossa consciência e assim modificando o conceito de infância. Ao longo da história humana os avanços tecnológicos impulsionaram também as mudanças nas ideologias comportamentais e sociais. Contudo, mudanças que ocorreram na formação das famílias em todo o século XX, o feminismo e a mulher no mercado de trabalho vêm assinalando uma crise da família “conjugal”, tradicionalmente formada por um homem e uma mulher casados e pertencentes há uma sociedade. Hoje mais do que nunca, este formato vem perdendo força e entrando em crise, passando por dificuldades, inclusive nas esferas  financeiras, morais e afetivas, o que resultou  em mais horas de trabalho dos pais, que se ausentam por longos períodos. Nesta rotineira  falta de supervisão e atenção estão  deixando este importante papel exclusivamente para a escola. Os pais hoje são provedores de bens materiais, mas dificilmente tiram um minuto de seu tempo para dialogar e conhecer seu filho. Assim, uma nova perspectiva de relações entre adultos e crianças começou a se delinear com o alargamento dos meios de comunicação de massa.
            A escola se mantém, porém perde espaço para a linguagem alternativa, que é mais sedutora:  A TV e da Internet.Tudo que antes fora proibido, se torna permitido novamente, como na idade média não havia preocupação especial em relação ao desenvolvimento da criança, que eram expostas à situações de abuso e sexo explicito, hoje as crianças assistem na TV nos comerciais a cenas de sexo e violência explícitas.
            Estaríamos regredindo? Existe um forte movimento de adultização das crianças que fazem sexo mais cedo e engravidam, principalmente no ocidente.
            Segundo o autor há um movimento duplo de inversão: As crianças se tornam adultas precocemente e quando adultas tentam recuperar o tempo perdido, sendo adultos inseguros e carentes.
            Há uma questão muito importante:
            Que espécie de seres humanos desejamos ter em nossa sociedade amanhã? O que podemos fazer para colaborar com este processo, deixando nossas crianças viverem a infância? E para você o que vem a ser a infância? Vale a reflexão.

Danúbia Rocha é estudante do curso de Pedagogia no Instituto Metodista Izabela Hendrix em Belo Horizonte.





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